quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

religião à portuguesa

Há qualquer coisa de bizarro no modo como a religião é vivida na cultura portuguesa. Vejamos: os mais importantes pensadores da religião cristã procuraram desde sempre distinguir a religião cristã, enquanto um sistema justificável e sofisticado de crenças verdadeiras, da mera crendice e da superstição. É verdade que podemos defender que, historicamente, esta atitude dos filósofos da religião teísta é meramente a continuação da atitude de Paulo, que precisava de vender o cristianismo a um povo civilizado e culto, no Império Romano, mostrando que o cristianismo era uma "filosofia superior" às filosofias pagãs, e não apenas uma crendice de povos ignorantes do deserto. Podemos argumentar, e é sem dúvida plausível, que a religião é intrinsecamente crendice, e que é na religião popular que se encontra a verdadeira religião, e não nas sofisticadas elucubrações dos mais importantes filósofos religiosos, de Agostinho a Tomás de Aquino, passando por Ockham e avançando até Leibniz ou até à actualidade, com Swinburne e Plantinga.

Apesar de tudo isto, a verdade é que há toda uma concepção sofisticada da religião, assim como toda uma tradição de discussão filosófica séria sobre estes temas. Ora, sempre que escrevo qualquer coisa neste blog tentando informar os leitores de tal discussão, tenho sempre uma reacção muito bizarra de alguns leitores crentes. A reacção varia entre a assunção de que realmente a religião é mera crendice popular, o que é uma afirmação surpreendente para um crente, e o protesto de que a religião está para lá do pensamento "logicista" — querendo com isto dizer o tipo de pensamento sofisticado e cuidadoso que é tradicional nesta área, tal como foi desenvolvido por Agostinho, Anselmo, Tomás ou Leibniz, para dar só uns exemplos.

O que pensar disto? Será que a religião à portuguesa tem de ser a religião da Titi do Raposão, que Eça descreve em A Relíquia? Uma religião feita de crendice e superstição? Um pensamento religioso hipócrita, sempre com medo que, ao pensar cuidadosamente, se descubra que afinal não há justificação defensável para a crença religiosa? Se for isto, é a suprema duplicidade intelectual: trata-se de afastar à partida a possibilidade de descobrir que a nossa crença religiosa é injustificável. Mas qualquer filósofo religioso diria que isto significa apenas que a fé destas pessoas é terrivelmente insegura: quem acredita realmente que a crença religiosa é justificável não tem medo de estudar cuidadosamente as bases de tal justificação, pois acredita firmemente que as vai descobrir.

Isto é deplorável, evidentemente. Mas é talvez surpreendente e informativo saber que uma razão para este tipo de atitude é... o cientismo. O cientismo é, em traços gerais, a ideia de que só a ciência e os métodos da ciência podem produzir resultados. De modo que se não vislumbramos tais métodos para discutir questões religiosas, se tudo o que vemos é a discussão aberta cuidadosa, com argumentos e contra-argumentos, objecções e refinamentos de posições, isso parece uma pura perda de tempo. Kant foi um dos primeiros filósofos a sofrer de cientismo e por isso declarou que todos os argumentos tradicionais a favor da existência de Deus eram meras ilusões, sendo intrinsecamente impossível provar se Deus existe ou não — o que ele queria dizer é que é cientificamente impossível provar tal coisa e não vale a pena andar com discussões estéreis. Acontece que esta posição é auto-refutante: pois se não se consegue provar cientificamente que Deus existe, nem que não existe, como raio conseguimos provar que não se consegue provar? Não é tal pretensa prova tão falha de cientificidade como qualquer tentativa de provar que Deus existe? Claro que sim. Essa pretensa prova é apenas um argumento tipicamente filosófico, tal como as provas tradicionais a favor da existência de Deus.

A procura da verdade provoca angústia a quem sofre de cientismo porque é tipicamente uma procura aberta, isto é, uma procura sem que tenhamos metodologias que garantam resultados. Esta angústia é um dos grandes disparates do nosso tempo, e o sistema de ensino em que estamos mergulhados tem muitas culpas no cartório. Muitas pessoas pensam que procurar a verdade só pode ser feito assim: vestimos uma bata branca, vamos para um laboratório, aplicamos as metodologias, e temos a garantia de obter resultados. Mas isto é apenas uma pequena parte da procura da verdade. Muitas vezes não sabemos sequer qual é a melhor metodologia; e não temos qualquer garantia de obter resultados. Que fazer, nessa circunstância? O cientismo diz-nos: abandona tal pretensão, pois só pode ser ilusão e sofisma. E assim a alternativa é um ateísmo ignaro ou a crendice da Titi do Raposão, que vê a religião apenas como uma espécie de masturbação espiritual, em que cada qual fala da fenomenologia da sua crendice, como se fosse a coisa mais interessante do universo.

Escusado será dizer, penso que as duas atitudes são insustentáveis e que se baseiam em confusão intelectual. Procurar a verdade é continuar a procurar mesmo que não tenhamos metodologias nem garantias. Procurar a verdade é pensar como pensamos normalmente, e não inventar sofistas sobre os limites do pensamento "logicista" — ignorando que, ironicamente, as únicas alternativas actuais ao pensamento "logicista" são precisamente as lógicas não-clássicas desenvolvidas nas últimas décadas, e não elucubrações sofísticas baseadas em jogos de palavras simplórios. Procurar a verdade é não deitar areia para os olhos das pessoas, não disfarçar um discurso redondo e circular com palavras caras e referências falsamente eruditas. Procurar a verdade é estudar quem discorda de nós, e não começar por escolher cuidadosamente os autores que dizem precisamente o que queremos ouvir, para depois os usarmos como a palavra final sobre o tema. Procurar a verdade é não impedir a discussão em curso pondo em causa os termos da própria discussão, sem qualquer razão convincente excepto o medo que temos de que tal discussão não justifique o que queremos justificar.

Finalmente, é importante dizer o seguinte: a generalidade das pessoas é incapaz de justificar adequadamente quer o seu ateísmo quer a sua crença religiosa. Isto é normal e não há qualquer problema com isso. Eu não sei justificar adequadamente a minha crença de que houve um Big Bang — não sou físico, não tenho os conhecimentos para isso. Faz parte da ciência e da filosofia a procura de justificação das nossas crenças mais básicas — por vezes descobrimos que têm justificação, outras vezes que não têm. Como somos muito limitados, quem sabe justificar o Big Bang não sabe geralmente justificar a sua crença ou descrença religiosa, e vice-versa. É conversando entre todos que podemos alargar a nossa compreensão das coisas. Mas isso exige que não se use a duplicidade intelectual para pôr fora de jogo tudo aquilo que à partida nos parece desfavorável às nossas crenças mais queridas. Estar disposto a abandonar as nossas crenças mais queridas é a condição de possibilidade da genuína procura da verdade.
Desiderio Murcho (www.dererummundi.blogspot.com)

35 comentários:

Ana disse...

Depois de breve uma leitura, ficou na minha cabeça esta dúvida: Será que sei o que é o cristianismo, a religião em q fui criada?

Natália Macedo disse...

Neste momento, para mim ser cristão ou ser humano tem o mesmo significado, até que alguém me prove o contrário.
Não consigo especular se algum dia a ciência nos vai responder as perguntas, que todos fazemos de uma forma geral, relativamente à origem do universo e à existência de uma força maior, de outra dimensão, não acessível aos humanos. Mas, consigo sentir-me bem na condição de humano.
Não é necessário matar para ser pecador. Pecador é ter inveja, é não gostar do outro porque achamos que ele é melhor ou pior do que nós, ou melhor ainda, que tem uma ideia mais bem formada ou menos bem formada acerca dos assuntos comuns. É não gostar do outro porque queremos que esse outro nos satisfaça nos nossos caprichos.
Na minha concepção, de o que estamos cá a fazer? Para que viemos cá? Viemos cá para servir e para dar. Para ser amados e para amar acima de tudo. Para ser irmãos, companheiros, solidários, amigos, verdadeiros e puros. Para não ter medo de tomar as atitudes que nos parecem correctas, para mostrar ao outro o que nos leva na “alma”. Acreditar em “Cristo”, justifica o acreditarmos em nós próprios. Ter fé em tudo o que fazemos. Ter fé que vamos conseguir o que pretendemos. De certa forma é ter um propósito na vida.

Psicologia Faculdade Filosofia Braga disse...

O que é então o Cristianismo?
Não será o que me foi ensinado na religião em que fui criada e cresci?
Acredito que a crença religiosa é justificável, logo não terei medo de estudar as suas bases.
Espero ser ajudada para tirar algumas conclusões.
Filomena Vieira

Carina Rodrigues disse...

Boa Tarde,

Irei iniciar a minha participação neste blog apenas com uma breve introdução pois sinto necessidade de pesquisar mais acerca deste tema.
Para mim ser religioso é acreditar em Deus, é acreditar que existe uma força maior, que nos faz viver, lutar e vencer. É acreditar em Jesus e nas suas crenças.

O facto é que somos cristãos porque faz parte da nossa educação e não (muitas vezes) por opção própria. Torna-se assim uma convenção social. É-nos incutido a ideia que temos que seguir os passos religiosos para sermos católicos, falam-nos de uma história que aconteceu há milhares de anos para nos explicarem a religião. Concordo quando diz que nunca nenhum cientista conseguirá provar se realmente Deus existiu ou não, mas para mim, que sou católica, a única coisa que fosso afirmar será que o importante é que as pessoas se sintam bem e façam o bem seja qual for a sua religião.

Carina Rodrigues( Psicologia)

Isabel Rebelo disse...

Desta leitura inicial ressalta o obscurantismo vivido na nossa cultura, herança secular que remonta aos primórdios do Cristianismo mas que apesar de 2000 anos de história ainda se mantém de uma forma mais ou menos acentuada e que não possibilita um diálogo mais franco, aberto, na nossa sociedade. Culpa de quem? – pergunto eu.
Pessoalmente tenho uma visão naturalista do mundo e da existência e tenho essencialmente muitas dúvidas e muitos espantos: os dogmas, as certezas, as convicções e as verdades religiosas são passíveis de serem discutidas. Não nego uma dimensão espiritual da Vida mas torço o nariz à resposta religiosa organizada e à verdade espiritual institucionalizada, que resultam quase sempre em opressão e da qual a história se encarrega de nos lembrar: guerras santas, inquisições, fundamentalismos, etc...
Desconfio particularmente de superstições, mitos, milagres, revelações, profetas ou explicações sobrenaturais…
Para mim é importante a natureza e a dignificação do Homem no seu meio e na sua condição natural. Naturalmente, é acima de tudo este mundo próximo que me interessa e acarinho. E a humanidade é apenas uma entre as inúmeras manifestações da natureza. E é como igual que entendo e vivo tudo o que me rodeia. Nisso, pelo menos, eu acredito. E uma ética baseada na preciosidade inestimável e irrepetível desta Vida, a única que tenho a certeza e privilégio de poder sentir e usufruir. E porque tão curta e tão maravilhosa não quero perder tempo e energia com eventualidades fantasiosas. Prezo os valores da Vida, da Verdade, da Justiça e do Amor e se isto for uma forma de viver a religião tanto melhor. Não sofro de cientismo, não vivo angustiada: para mim é de facto impossível provar racionalmente a existência ou inexistência de qualquer Deus ou Deuses. As diversas manifestações/interpretações que se possam fazer nas religiões são apenas fruto de mentes impregnadas de Fé…que eu (ainda?) não possuo.
Estou, no entanto, disposta a abandonar as minhas crenças mais queridas como “condição de possibilidade da única procura da verdade”.
Assumo-me como agnóstica - na sua versão fraca: Eu não sei se Deus existe. Vocês sabem?

Isabel Rebelo disse...

Vem a propósito este belo poema pessoano que remata a minha última intervenção:
Se Deus fôr as flores, as árvores, o sol e o luar...então ando com ele a toda a hora:


Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

“Constituição íntima das cousas”…
“Sentido íntimo do Universo”…
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

in O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro

ceumaciel disse...

Se perguntarmos a um pobre na Índia, no Darfur ou em qualquer rua à noite de Washington o que é que sente quando não come, provavelmente obteremos respostas distintas porque as circunstâncias em que decorre a vida de cada um daqueles pobres e o seu percurso e hábitos são distintos, mas estamos todos de acordo quando dizemos: os três não têm que comer e passam fome.
Pode haver “religião à portuguesa”?! Claro e minhota, ribatejana, algarvia e transmontana. Apesar de parecer contraditório, a norma na qual assenta muitas vezes o dogma que sustenta a nossa religiosidade, convive com a particularidade com que cada povo, cada cultura, cada hemisfério contempla e interpreta. A aculturação não se processa da mesma forma na Grécia ou no Gana. Os processos de interpretação são distintos e nessa matéria quanto mais velho é o Estado Nação, mais consistentes são as convicções do seu povo. Crendice, fé, verdade, ateísmo ou religiosidade. Cinco marcas que nos distinguem pelos diferentes percursos que tomamos, mas todas elas alicerçam-se nas mesmas perguntas: O quê, quem, quando, onde, como, porquê.
Todas as linhas do pensamento logicista ou do cientismo convergem na tentativa de responder melhor ou pior às seis questões, antecipando respostas ou procurando incessantemente.
O melhor bilhete de identidade da religião à portuguesa e neste caso à minhota ou à Maria do Céu se preferirem sou eu própria que aqui me confesso:
Sou católica e pouco praticante; já coloquei perguntas a Deus das quais não obtive resposta e já me revoltei contra os desígnios que ele escolheu para mim, mas continua acreditar que existe alguém superior a mim que na sua humildade desce até aos homens e se revela e este pormenor é muito importante e peço que reflictam sobre isto: não é o homem que sobe até DEUS, mas DEUS que desce até ao homem. Não será isto a maior prova de amor e humildade?
Acredito incondicionalmente que o mundo tem a mão de DEUS, como também acredito no amor sem que alguém (desde o mais ignorante ao mais sábio) tenha comprovado a sua existência cientificamente. Ainda não há explicações científicas para o amor e todos acreditamos no amor seja ele de que forma for, quem consegue provar o que é o amor? Porque amamos uns e outros não? Mas não é sobre este tema que vamos expor as nossas opiniões, é sobre religião à portuguesa, peço desculpa e pergunto porquê este título? “Á portuguesa”? É uma receita? Existem condimentos que se misturam e se obtêm algo? Estamos a falar da religião em Portugal? Se estamos, pergunto a religião em Portugal é diferente das restantes em todo o mundo? Será que por ser “à” portuguesa já está rotulada de “bizarra”, será que é “bizarra” porque é um culto mais Mariano, mais direccionado a Nossa Senhora? Não será a religiosidade igual em todo o mundo? Eu penso que sim e penso que o que muda é a intensidade de vida própria e colectiva.
É verdade que não podemos provar cientificamente que DEUS existe como também não podemos provar que Ele não existe. Se só podemos acreditar no que é cientificamente provado quem são os investigadores? São os que sofrem de cientismo ou são os que se intitulam ateus, então é como se por serem ateus Deus os agraciasse com mais algumas gramas de inteligência, estes que pensam que sabem tudo e negam tudo, porque dizer “não” é mais fácil e até pode estar na moda, ainda não conseguiram dar uma resposta para o inicio do mundo, dizem: pensamos que foi através do “Big Bang”, que provas têm? Nenhumas, só presumem que foi… talvez tenha sido…, isto não é também uma crença?
Então qual a diferença entre uma crença religiosas e uma cientifica? A crença religiosa, (Fé) dizem os ateístas ignaros não está justificada e as crenças cientificas estão justificadas, onde estão as justificações?
Quanto a comparar a religião em Portugal (não á portuguesa) com a crendice da religião de Titi do Raposão, que Eça de Queirós descreve em “A Relíquia”, não era Eça ateu, não estava ele a fazer juízos de valor?

Maria do Céu Oliveira
Aluna do 1º ano de Psicologia – Pós-laboral

Mónica L. disse...

Boa tarde!
Enquanto li o texto e posteriormente os comentários, vinham-me questões e ideias a cabeça... vou tentar colocar algumas...
quanto ao texto: não considero que a religião tenha de ser encarada como a religião da Titi do Raposão que Eça descreve na sua obra "Relíquia"... embora reconheça que ainda há pessoas que a encaram assim...mas também não acho que as pessoas tenham de ir pelo cientismo...
Para mim religião não tem necessariamente de ser separada de ciência e vice-versa... Acredito que existe Deus, e que deus é tudo, desde as pessoas, o mundo, o Universo, o que sentimos o que nos liga a todos... a tal força que muitos dizem que existe e que ninguém sabe explicar, etc... Considerando isto, a ciência está incluída em Deus...
Ora se alguém diz que a religião e acreditar em Deus é uma mera crendice então também a ciência o é! Isto segundo a minha linha de pensamento...
Acredito que não sei muito quer sobre religião quer sobre ciência mas até agora do que aprendi e li... isto é o que acredito...
Estou sempre aberta a falar sobre estas questões... pois é também interessante saber o ponto de vista dos outros... acho que é assim que se evolui...
Não me querendo alongar muito, vou deixar só umas questões e comentário acerca do que a Natália disse...
será que temos de pensar obrigatoriamente em ciência e religião como coisas distintas?
será que a ciência não vai descobrindo no tempo adequado e o que possível, que há para saber de Deus?
será que há pecado? ou pecado será fruto do que não é aceitável pela nossa cultura...? acho que não há pecado mas sim responsabilidades... além disso para mim Deus não castiga ninguém nem julga ninguém... As pessoas escolhem caminhos e depois esses caminhos tem consequências... se escolhesse outro caminho teria outras consequências...
Concordo que vimos cá fazer isso e muito mais... Vimos cá evoluir...sermos quem somos... sermos o que nos vai "na alma"!...
Desculpem lá o testamento mas isto é uma parte do que penso!:)
MÓNICA L.

Psicologia Faculdade Filosofia Braga disse...

Desde já agradeço as participações anteriores. Gostei muito de as ler. Agora a minha: a verdade, quer seja científica, quer seja religiosa é inalcansável, pelo menos na sua totalidade. Podemos atingi-la por partes, mas talvez nunca consigamos atingi-la totalmente. Porém, é isto razão para desistir de continuar a procurá-la?Não foi desta forma que avançamos no passado? Se nem as teorias físicas se podem provar, porque razão havemos de querer submeter a fé, uma realidade não física, aos métodos tradicionais da ciência?Com isto não digo que não se procurem razões que justifiquem a fé e a religião, mas que para realidades diferentes se busquem meios de tratamento diferentes, ainda que válidos à luz da razão humana.Concordo com o autor quando diz que na busca intelectual da verdade se deva abandonar as nossas evidências pessoais, sociais, culturais, e deixar-nos interpelar por aquilo que inclusive vai contra essas mesmas evidências.Só assim poderemos evoluir numa perspectiva mais una e total, abandonando o parcial, que apesar de necessário, não é suficiente para se alcançar a verdade.Quanto à questão da Isabel,"sabem se Deus existe?",eu respondo que sim, que sei que Ele existe, mas como te provar?como te falar dele? De facto, crentes e não crentes sentem uma grande dificuldade em dar razões da sua fé ou "não-fé".Mas isto não é motivo para desistir de continuar a procurar justificações para a fé, no caso de quem acredita, tal como na ciência somos incansáveis na busca de novas verdades.
Ana Margarida Pinto
Psicologia 1ºAno/Pós-laboral

Natália Macedo disse...

Olá, colegas,
Faço esta pergunta a todos.
E então afinal quais são as diferenças existentes entre as pessoas que acreditam no cristianismo (conjunto de religiões cristãs, ou seja, que se baseiam nos ensinamentos, na pessoa e na vida de Jesus Cristo, tais como o catolicismo, o protestantismo e as igrejas ortodoxas)e as que acreditam nas bases ciêntificas? Pois para alguns autores este Cristo ou Deus é criado por nós.

Joaninha disse...

Joana Maia Ciências da Informação e da Documentação

Depois da leitura do texto, ficou na minha consciência,que existem muitas dúvidas em torno do Cristianismo e em torno da sua crença por parte dos Homens.
Existem muitas pessoas supersticiosas, as quais acreditam na reencarnação, e no Paraíso e no Inferno.Por outro lado, existem outras pessoas que são crentes e não acreditam na reencarnação e no Paraíso e no Inferno.
Com isto, pretendo constatar que existem muitas dúvidas em relação ao Cristianismo que eu espero dissipar no final do semestre.

Rui Carneiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Psicologia Faculdade Filosofia Braga disse...

Viva, novamente!
Natália, em primeiro lugar gostava de te dizer que não tem que haver uma separação entre os que acreditam na ciência e os que acreditam em Deus. Aliás, como sabes, existem cientistas que acreditam em Deus. Mas quando esta separação se verifica, e aqui entra a tua questão, podemo-nos de facto perguntar qual a diferença entre estes dois grupos de pessoas. Para já arrisco a responder-te que ambos acreditam, ambos são crentes, embora uns sejam crentes em apenas naquilo que se pode ver, palpar e experimentar, enquanto que os outros ousam acreditar naquilo que é invisível, e impossível de verificar de uma forma experimental.São atitudes face à vida completamente diferentes.
Quanto aos que dizem que Deus é uma criação do próprio homem, está claro que para esses nada mais existe senão o tangível, tudo o mais são ilusões e construções do homem. Para estes é inconcebível o mundo das não evidências.São os crentes no existente visível e corpóreo.
Ana Margarida
Psicologia 1º Ano pós-laboral

Rui Carneiro disse...

Será que Deus existe?


Se alguém pergunta nestes termos, só é possível responder como aquele sábio grego, ao qual curiosos perguntaram, assim, por Deus: Silenciou. Esta é a única resposta cabível a perguntas da curiosidade: "Existe um Deus? Estou curioso por saber se existe ou não". Convinha, talvez, retrucar: Não, Deus não "existe". Existe a cordilheira do Himalaia, existe o planeta Urano, existe o elemento rádio, existem, enfim, todas aquelas coisas de que falam as enciclopédias. Mas, Deus não "existe", ou, em outras palavras: Deus não existe para os curiosos. Deus não é um objecto da ciência, não é algo que possamos incorporar ao nosso património de sabedoria, como o filatelista adquire e inclui em sua colecção uma estampilha rara, para dizer: Ali está, a mais linda, a mais preciosa de todas. Deus não é algo nesse mundo, quiçá o maior dos seres ou o maior dos habitantes da Terra. Deus não está no mundo, pelo contrário, o mundo está em Deus. Se respondêssemos à tua pergunta: "Sim, Deus existe", irias para casa enriquecido, apenas, por mais uma ilusão. Haverias de pensar: Deus também é algo daquilo que "existe". Precisamente isso ele não é, se é verdadeiramente Deus. Ele nunca é algo ao lado ou entre outras coisas. Não há algo congénere com o que existe. Montanhas, planetas e elementos são objectos da ciência; mas Deus não. Porque Deus é a causa de que há algo para conhecer e saber. Sem Deus nada existiria. Sem Deus nada poderíamos saber. Só é possível saber algo porque Deus é. Só é possível perguntar por Deus, porque ele já é o autor secreto da pergunta. Senão vê. Se perguntares, sinceramente, por Deus, não como curioso, não qual filatelista espiritual, mas sim, aflito, de coração angustiado, acurado pelo medo de que poderia não haver um Deus, e, consequentemente, tudo ser em vão e a vida toda um grande absurdo, se perguntares assim por Deus, já sabes em princípio que ele vive. Não poderias perguntar, assim, pelo Altíssimo sem saber algo dele. Queres que haja Deus, porque do contrário tudo é absurdo. Teu coração, efectivamente, já sabe de Deus, porque, do contrário, o mal não seria mau e o bem não seria bom; seria tudo o mesmo. Não há dúvida, sabes que Deus é, por saberes que o bem e o mal não devem ser iguais. Talvez duvides da existência de Deus em face das muitas injustiças que há no mundo. Ainda não notastes que, duvidando, crês em Deus? Que a justiça esteja com a razão e não com a injustiça, não é outro postulado que esse: Há um Deus. Teu coração protesta contra a injustiça, porque conhece a Deus. Quando perguntas por Deus, ele já está à tua retaguarda e faz com que possas perguntar assim.

Não é o coração apenas; a natureza também nos fornece indícios de Deus. Nunca vi que o acaso criasse ordem, que do acaso surgisse algo de lógico, harmonioso e até artístico. Não é crendice crer que Deus criou o mundo; mas demonstra falta de absoluta falta de critério e juízo quem acredita que o olho humano, a constituição de um insecto ou um campo florido nada mais sejam do que obras do acaso. Quem vê um muro, logicamente deduz: Mãos humanas empilharam essas pedras, não o acaso. Milhões de vezes mais complicada e artística é a constituição da retina do olho. Ignorar ou desconsiderar esse fato é tudo, menos prova de inteligência.

A pergunta "Existe Deus?" é, mais precisamente, uma enfermidade psicológica. Quase diria que é pergunta de um louco, de uma pessoa que não pode mais ver as coisas na sua simplicidade, sobriedade e clareza. Mas algo dessa loucura está passando por todo o mundo, e nós todos sentimos as suas consequências. Pode-se dizer, no entanto, que estamos a sofrer de uma loucura nova. Até à nossa era os homens -- pelo que conhecemos de nossa história -- não perguntaram: "Existe um Deus?" e sim: "Como é Deus?" Pelo que parece, os sucessos da ciência e da técnica subiram-nos à cabeça, perturbaram os nossos sentidos. Achamos que tudo deve ser explicado pela razão e o que não somos capazes de realizar com a nossa razão, seria acaso. Consideramo-nos os únicos a fazer ordem e algo de artístico no mundo, não percebendo sequer que, para realizar algo de artístico, precisamos de um cérebro maravilhoso e mãos artísticas que certamente, não criamos nós mesmos. Perguntar "Existe Deus?" é fugir da seriedade. Onde há seriedade, sabe-se: O bem não é igual ao mal, nem o mal igual ao bem. Justiça e injustiça são coisas diversas. Deve-se fazer o que é justo, deve-se evitar o que é injusto. Há uma ordem sagrada, à qual estamos sujeitos, querendo ou não. A seriedade é o respeito à voz da consciência. Se não há Deus, então a consciência é um mero hábito arcaico e primitivo, que para nós nada vale. Se não há Deus, então cesse com o esforço em prol de uma vida justa. Tudo dará no mesmo: canalha ou santo. Mas isso são, apenas, delírios. Não temos com que segurar quem fala assim: que vá no seu caminho.

Mesmo assim, -- se há Deus, por que é preciso perguntar por ele? O nosso coração não se desfaz da questão. Sabe de Deus, mas nada com certeza. A nossa consciência fala-nos de Deus, mas sem clareza. A nossa razão atesta Deus, e, mesmo assim, não sabe quem ele é. O mundo aponta para Deus como que com milhões de dedos -- mas não nos pode mostrá-lo. Que é Deus, que pretende connosco, que deseja de nós, qual o seu plano para com o mundo? Só poderíamos conhecer bem a Deus, se ele a nós se revelasse. A razão, a consciência e a natureza com as suas maravilhas afirmam-nos que há um Deus, mas não nos explicam quem ele é. Ele mesmo no-lo diz em sua revelação.


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/Pós-laboral


Emil Brunner [Editora Sinodal. Nossa Fé, pag. 9 em diante]
http://www.geocities.com/projetoperiferia/Deus.htm

Rui Carneiro disse...

Boa tarde,

Achei interessante este video.

http://www.youtube.com/watch?v=NwZD2-_UIdk


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/Pós-laboral

Natália Macedo disse...

Olá Ana,
Eu não consigo ter tantas certezas em relação à opinião dos outros. Mas tal como no início deste blog referi, na minha humilde forma de analisar esta questão. Todos temos opiniões diferentes mas as conclusões tendem de certa forma a encontrarem-se, porque apesar dessas diferentes opiniões, todos somos humanos e acreditamos na vida. Acreditarmos na vida é factor essencial para viver. Não falando da adaptação ao meio, isto é, à relação com os outros. Pois para mim é a relação com os outros que me faz viver mais intensamente. É por isso mesmo que acredito que Deus existe e “penso”, que todos de uma forma ou de outra acreditam no mesmo. Também é claro para mim que este Deus é ideológico e que talvez seja uma criação minha, mas eu preciso acreditar nele para existir.
Natália Macedo (Psicologia 1ºAno pós-laboral )

Rui Carneiro disse...

Boa tarde para todos,

Como sabemos a religião cristã Católica, é a mais antiga de que temos conhecimento, é ainda nos dias de hoje a mais praticada em Portugal. Hoje, com a liberdade religiosa, já encontramos outras religiões, porém na sua maioria só mudam os nomes, pois ainda mantêm conceitos antigos e antiquados, onde não se aceita a vida sem sofrimentos, sendo esta a única forma de agradar a Deus. Prega-se, que Deus é pai, mas que mesmo assim para merecermos o seu amor e a sua aceitação temos que ter uma vida de sofrimentos e dores.

Todas defendem o seu Deus, como sendo o melhor, são baseadas na fé do ser humano. O ser humano tem a necessidade de acreditar numa força superior á sua, passando a esta a responsabilidade por tudo de mal que venha a acontecer na sua vida. Tirando assim a sua própria responsabilidade pelos seus actos muitas vezes impensados.

A religião se observada de um ângulo científico, não tem muito fundamento, pois na ciência, só se aceita o que se consegue provar, como Deus ainda não é provado materialmente, por isso não se aceita como existente.
Porém, baseado na teoria que Deus é energia, tudo muda, pois a ciência já consegue provar que a energia existe e que está presente em tudo o que é matéria. Qualquer matéria se é observada em microscópios mais sofisticados e muito potentes, pode-se observar que nada mais é do que energia. Por isso Deus esta em toda parte o tempo todo, fazendo parte de tudo o que existe no universo. Desde um minúsculo átomo, até as mais grandiosas construções naturais ou humanas existentes.

O maior problema das religiões no geral é que elas são extremistas e inflexíveis, querem dominar a maior quantidade de pessoas, fazendo disso o seu maior objectivo, esquecendo a sua principal função, que é a de auxiliar o ser humano.

Como se julgam melhor do que as outras, acham-se no direito de condenar ou absorver os seres humanos baseados nos seus dogmas, muitas das vezes ultrapassados e hipócritas, pois os mesmos que estão a julgar, são também executores de actos semelhantes ou piores do que os dos que estão sendo julgados. Por isso podemos concluir que o maior mal não são as religiões em si, mas sim as pessoas que as compõe, pois são estas que ditam as suas regras, e interpretam os escritos da Bíblia de acordo com a sua forma de pensar.

Concluindo, a religião em si não serve de nada. Mas isso não significa que Deus em si não exista. Pois Ele esta dentro de nós e dá-nos a liberdade de escolher-mos o que queremos das nossas vidas, porém devemos assumir a responsabilidade sobre essas escolhas.

Um grande abraço,


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/Pós-laboral

Rui Carneiro disse...

Caros colegas, uma breve reflexão sobre o ser humano e Deus, a meu entender.


Se reconhecer-mos a nossa condição de seres humanos, se admitirmos que somos iguais, que os nossos destinos estão interligados, que só juntos podemos ser felizes e livres, então vamos ter um mundo melhor, maravilhoso, onde todos viveremos como membros de uma mesma família, a família humana, a família de Deus.
No nosso corpo temos os traços familiares, que é a nossa herança genética, de onde vem a semelhança com os nossos pais e parentes. A alma é como que uma invenção divina, que é criada e gerada por Deus para cada ser humano. Isto significa dizer que cada pessoa tem uma parte humana, o corpo, e uma parte divina, a alma, tornando-se assim uma pessoa única.
Isto leva-nos a reflectir sobre como tem sido a nossa vida, quais são os nossos conceitos do bem e do mal. O bem que fazemos, a forma como procuramos ajudar as outras pessoas, (que não precisa necessariamente de ser material, pois por vezes basta dar amor, carinho e atenção já são suficientes para alegrar uma pessoa), o mundo que construímos ao nosso redor, reflecte como será o nosso futuro. Pois a Lei do Retorno é clara e muito precisa, tudo o que fazemos ou desejamos às outras pessoas nos é retornado, nem sempre da mesma forma, porém na mesma intensidade.

Da mesma forma, como disse a nossa colega Natália, preciso de acreditar em um Ser Superior (Deus) a mim para poder dar sentido à minha vida.

Abraços apertados ou não para todos lol eheheh

Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/Pós-laboral

Andreas Lind disse...

Parece-me que a “religião à portuguesa” não é homogénea ao ponto de se reduzir a estereótipos de todo o género. No entanto, a beatice da Titi – personagem da Relíquia – caracteriza um tipo de crente que não se prende só à superstição, mas com a crença meramente popular, de tradição, a crença que nos integra no meio social envolvente…

Creio que este tipo de crença tende a desaparecer. Basta ver como está a cair o peso dos cristãos e da igreja na sociedade e como o cristianismo deixa, cada vez mais, de ser moda.

Este fenómeno pode trazer um aspecto muito positivo à “religião à portuguesa”: a fé tem de ir muito mais além da educação e da tradição popular. Pode começar por aí, mas tem de ser, sobretudo, uma busca pessoal, um encontro na vida concreta de cada um.

Apesar disso, concordo que subsiste entre nós a superstição, a crença pelo medo de um castigo no além-túmulo. Da mesma forma, parece-me existir, no contexto do cientifismo, um ateísmo arrogante, crente na auto-suficiência de cada um, onde não precisamos dos outros para nada.

Concordo que vivemos tempos de certa ansiedade no que diz respeito à Verdade. Gostaríamos de ter – e controlar – tudo à nossa volta, o mais possível. Gostaríamos de conhecer a Verdade. Mas, devido às constantes alterações em todos os domínios, ao excesso de informação, acabamos por aceitar a verdade de cada um, assentes na crença que o mais importante é respeitarmo-nos uns aos outros.

Assim, o perigo por que passa a “religião à portuguesa” não está tanto na alternativa ingrata entre “um ateísmo ignaro ou a crendice da Titi do Raposão”. Julgo que a tendência não caminha nem para a perseguição dos padres, nem para uma devoção exagerada a relíquias ou a terços na igreja de São Roque.

Parece-me que o perigo está, sobretudo, na dicotomia entre um fundamentalismo religioso e uma espiritualidade light que podem surgir tanto em crentes como em ateus ou agnósticos.

De facto, mesmo na Igreja, é fácil cair no estabelecimento de regras claras e incisivas que nos dão segurança; ou procurar apenas uma religiosidade que nos faça sentir bem, permitindo que cada um pense e faça por si só, aceitando tudo como igual e indiferente.

Obrigado a todos pelos comentários que nos ajudam a reflectir.

Rui Carneiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Scretly disse...

Na minha opinião a busca da verdade está no interior de cada um de nóa. Por mais que falem ou tentem provar ou refutar se Deus realmente existiu, existe ou não, cabe somente a nós acreditar ou descrer.

Helena Araújo,
Psicologia 1ºano

Rui Carneiro disse...

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/Pós-laboral

Bruno disse...

Li com muito interesse os comentários dos meus colegas, e apesar de tanto ter já sido dito, atrevo-me ainda a escrever duas curtas ideias.

1. O autor do texto proposto para discussão queixa-se da forma como a religião é vivida em Portugal. Estou de acordo que a capacidade de reflexão dos portugueses, em particular dos crentes, sobre este tema não será a desejável, contudo esta não é uma situação exclusiva da religião. Que diremos sobre a capacidade que em geral os portugueses têm de comentar a vida e política e fundamentar as suas opções políticas? Ou que diremos sobre os seus conhecimentos filosóficos e científicos? É de facto pena que os cristãos portugueses não saibam dar razões da sua fé, tal como é uma pena a ignorância que grassa por esse país fora.
Reforço também o comentário do André. As generalizações são muito perigosas. Não sei em que meios se move o Desidério Murcho, mas eu não teria dificuldade em apresentar-lhe um bom número de portugueses capazes de discutir sobre a sua fé com seriedade, honestidade e frontalidade. É verdade que os cristãos em Portugal são menos, mas julgo ser também verdade que são cada vez menos como a Titi e o Raposão.

2. Estar disposto a abandonar as nossas crenças mais queridas é uma atitude profundamente cristã. Faz parte da atitude de despojamento própria dos seguidores de Cristo. É verdade que muitas vezes esquecemo-nos disto. Se houve alguém que teve a coragem de pôr em causa o estabelecido na sua religião foi o próprio Jesus Cristo.
Penso, contudo, que ter espírito crítico não é equivalente a não acreditar. A confiança faz também parte da atitude de despojamento própria do cristão e sem ela não é possível chegar a Deus. A fé não é contrária à razão, mas não se resume a ela. Se pudéssemos compreender Deus de forma inteiramente racional ele já não seria Deus. Como diz Sto Agostinho, “se compreendes já não é Deus”. Estou pois de acordo que é importante que os cristãos dêem razões da sua fé, o que aliás era já um conselho de S. Paulo, sem perder contudo, o aspecto inevitavelmente misterioso da fé. Sto Agostinho e S. Tomás usaram a sua razão para se relacionarem com Deus, mas sabiam perfeitamente que Deus era sempre maior.
Não usei o verbo relacionar por acaso. É que o que há de mais parecido na nossa procura de Deus é a relação com uma pessoa, ainda que Deus seja muito mais rico qualquer ser humano. Assim, falar de Deus e falar com Deus precisamos usar todas as nossas dimensões (racionais e afectivas), tal como fazemos quando nos relacionamos com uma pessoas de quem gostamos. E aqui as lógicas não clássicas, perdoe-me o Desidério, correm os risco de não nos servirem para muito mais que as “elucubrações sofísticas baseadas em jogos de palavras simplórios”. Claro que podemos e devemos falar de Deus, como por exemplo da relação com uma pessoa que amamos, desde várias perspectivas, mas precisamos estar sempre conscientes de que sempre ficaremos muito aquém, e de que uma estrofe de poesia poderá muito bem dizer mais que páginas de complexos argumentos racionais.
Para concluir gostaria de dizer que estou de acordo com o Desidério quando diz que não devíamos ter medo de discutir e por à prova as nossas crenças. Não podemos é perder o pé e ceder à tentação de controlar ou provar Deus com esquemas mais ou menos científicos ou convencionais. A minha avó não sabia ler nem escrever, nunca andou na escola, e não saberia elaborar um discurso complicado sobre Deus, tal como não seria capaz de o fazer sobre o amor ou coisas muito mais simples da vida. E contudo quando falava de Deus era possível perceber que se relacionava com ele…

Bruno Nobre, 1º ano de Filosofia

Feliciana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Feliciana disse...

Feliciana


Começo por dizer que gostei e achei pertinente os comentários anteriores.
A ideia da colega Carina deixou em mim muitas interrogações, quando diz: "somos cristãos porque faz parte da nossa educação e não por opção própria".Estou de acordo de que a educação cristã começa ou deve começar no seio da família, mas hoje a experiência diz o contrário,já não é comum falar de Deus ,perdeu-se este costume de as famílias sentarem-se e falar de assuntos religiosos. Por isso pergunto-me, será suficiente a educação cristã na família? Que tipo de formação passa dos pais aos filhos? Será uma formação sólida? O que será destas crianças que não têm esta educação básica?
Não em vão que a Igreja propõe uma formação permanente. As nossas crenças não devem ser estática, é preciso aprofunda-las ao longo da vida.
Hoje não é possível responder ás múltiplas interrogações que surgem á volta do cristianismo sem o regresso as fontes, as origens que são: a Sagrada Escritura e ao seu fundador Jesus Cristo.O nome de Cristo é de facto o fio condutor da história cristã e o tema central que nunca se perdeu completamente na tradição, assim como nos piores momentos de decadência.
Hans Cornelissen diz: "em pleno século 20 a questão de Deus passou de moda. A esperança de muitas pessoas já não se volta para a eternidade mas antes para o pagamento atempado do seu seguro de vida. O mundo dos bens lançou a sua isca, as pessoas, como seres necessitados e dignos de abastecimento, orientam-se pelas promessas da sociedade de consumo".
Hoje como sempre interrogamo-nos sobre o futuro da Igreja. Este futuro passa por um trabalho pessoal de adesão ou não. Daí que a missão da Igreja não é de levar o homem até Deus, mas, fazer chegar Deus aos homens.
O cristão é desafiado a remar contra a corrente na busca da verdade que é Cristo, deixar-se interpelar por Ele e pela sua palavra.

Rui Carneiro disse...

Boa tarde Dr. Alfredo Dinis e colegas,


Deus existe e é muito pessoal. Pois a nossa fé faz Dele um Ser único, moldado de acordo com os nossos princípios. Se acreditamos que é cruel e que nos castiga pelos nossos erros, assim será, porém, se acreditarmos que é complacente e benevolente, assim será. Pois como é citado em Mateus 21:22, “ E Tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis”. Isso leva-nos a pensar, que a fé é realmente o mais importante, pois dela depende os resultados que obtemos. Portanto, caros colegas, tenhamos muita fé em tudo o que desejamos, pois se assim o fizermos teremos resultados realmente fabulosos. Deus está sempre a ouvir-nos e a dar exactamente aquilo que acreditamos merecer receber.

Um resto de bom dia para todos.


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1º Ano/Pós -laboral

Mª Laura Silva disse...

Se dia a dia vamos evoluindo culturalmente, querendo sempre saber mais,tomando conhecimento das novas tecnologias,estando atentos a tudo o que de inovador se passe à nossa volta, por nâo também evoluir interiormente. Estudar (como me acontece neste momento, pois sou aluna do 1º ano de CID), é um desafio , e todos os dias a vida nos põe à prova as nossas capacidades, quer físicas, culturais e espirituais. Então onde fica a preocupação com o nosso desafio interior, o nosso sentido de vida, o tentar conhecer os outros, conhecendo-nos? Claro que é muito mais fácil para a ganeralidade das pessoas, incluindo alguns cientistas, não acreditar em deus.É uma posição mais confortável.É comum as pessos dizerem que sentem um vazio... Para mim esse vazio é preechido, trabalhando, para atingir o belo, o divino, a verdade e a justiça. É uma descoberta contínua tentar entender as coisas mais simples da vida. Esta procura resiste ao passar dos tempos. Crescer, aprender, ficar mais próximo do semelhante, descobrindo nele um irmão, é para mim a procura da verdade,de Deus,partilhando com o meu semelhante os caminhos da globalidade positiva.M. Laura aluna do 1º ano de CID.

ceumaciel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rio D´Alma disse...

Porquê a ciência, se tenho Deus?
A Ciência é o “conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico”.
A religião é uma das dimensões mais importantes da pessoa humana e uma das que distingue melhor os humanos dos animais. Quer cientistas quer teólogos, pensam que há interesse mútuo no contacto entre as duas realidades ou modos de interpretar o comportamento humano e a vida. Somos seres triplos, compostos por corpo, mente e espírito, poderemos chamar-lhe físico, não físico e metafísico. Assim como a Santíssima Trindade, ou como alguns Teólogos apelidam Pai, Filho e Espírito Santo. Os psiquiatras reconheceram este triunvirato chamando-lhe consciente, subconsciente e sobreconsciente. Os filósofos id, ego e superego. A ciência, energia, matéria e anti-matéria… os poetas mente, coração e alma… o nosso tempo divide-se em passado, presente e futuro… o pensamento, a palavra e a acção…

Ler a Bíblia hoje. O processo de formação e redacção da Bíblia alongou-se por mais de mil anos. Para a sua compreensão adequada é necessário conhecer a história dos textos, as línguas, os lugares, os tempos, os géneros literários e os contextos em que foram redigidos e os destinatários a que se dirigiam. A Bíblia é o livro mais traduzido em toda a história. Sem ela, não é possível compreender a história da humanidade europeia. Como diria Ernst Bloch : “Sem ela não poderemos compreender as catedrais, o Gótico, a literatura, a Idade Média, Dante, Rembrandt, Haendel, Bach (…)”. Sem ela a nossa compreensão do ser humano seria mais pobre.

Imagens incorrectas do cristianismo. Que aconteceria se tudo o que considerámos “errado” afinal estivesse “certo”? E vice-versa? Qualquer cientista responderia que se o que estou a fazer não dá resultado há que pôr de lado todas as hipóteses e começar tudo de novo. Todas as grandes descobertas resultaram de uma disposição para não se estar certo. Não podemos conhecer Deus enquanto não deixarmos de dizer a nós próprios que já O conhecemos.
A experiência em Deus existe nos nossos pensamentos mais sublimes, é uma experiência não exterior, mas interior. Uma experiência intra-sujeito e intransmissível. Deus não tem extensão, físico, matéria, não tem forma nem feição, pelo menos que nós possamos entender.
Se Deus é o Absoluto, o Perfeito, a Unidade como podemos nós humanamente imperfeitos, ser capazes de O conhecer? E como podemos dizer que não existe se não o conhecemos?
Jacques Leclercq dizia “o eterno é eterno, mas cada um de nós tem dele a sua visão própria, e vive o eterno no tempo, no seu espírito limitado e na sua carne”.
Deus… é tão difícil conhecê-lo como o é ignorá-lo.
As definições esmagam-nos. Definições fixas que fixam o espírito e toldam por vezes o entendimento, porque nenhuma definição consegue “definir” exactamente e na totalidade aquilo que pretende traduzir. Na verdade não compreendemos o que é a vida, nem o que é a matéria, nem o espírito, nem o tempo, nem o espaço, nem o número, nem o absoluto, nem o relativo, nem o finito nem o infinito, nem mesmo o que é o conhecimento!
O que mais me assusta é a tendência do antropomorfismo que temos de Deus. Que nos faz crer que Ele tem a mesma rudeza, é sujeito às mesmas paixões e ódios que nós humanos. A ideia que tenho de Deus é simples. Como diria São João “Ele é Amor”.
Numa época materialista como a que vivemos actualmente, as verdades para serem assumidas, têm que ser cientificamente comprovadas. O facto de descobrirmos que por vezes é impossível descobrir a verdade é uma grande decepção. Daí o materialista faz da matéria o absoluto, a sua verdade.

O amor é a realidade fundamental. O sentimento do amor é a nossa experiência de Deus. Deixo aqui um breve vídeo:
http://br.youtube.com/watch?v=i--Z7aZzw-M&feature=related

Anónimo disse...

Boa Noite.
Pelo que li neste texto da "religião a portuguesa",ficou me na cabeça alguns aspectos importantes e algumas dúvidas também,que espero que com a disciplina de cristianismo e cultura me esclareça e me ajude a comprender melhor,e tambem ter um conhecimento mais alargado,do que é isto de ser cristão?!.Para mim acho relevante referir que a definição exacta do que e ser cristão,ter fé,acreditar em deus todos estes aspectos,nunca serão meramente cientificos porque a
ciência nunca provará, a existência ou a nÃO existência de deus,porque cabe a cada um de nós acreditar que esta força superior existe,porque tambem se não acreditarmos não nos valerá a pena dizer que temos fé,que somos cristãos,porque tudo parte da nossa intuição e de como a vemos na nossa vida e o valor que esta exerce sobre nós,ou seja,para mim é bom acreditar que existe um deus,porque quando precisamos e por ele que chamamos,porque na falta de forças e nas desilusões da vida,achamos que ele nos vai socorrer,contudo,gostava de finalizar a dizer que deus so nos incute actos bons,a prática do bem,o ajudar o próximo,o amar e ser amado,não praticar o mal,sermos amigos,companheiros,tudo isto se cada um de nós tentar fazer um pouco destes actos na sua vida,e acreditar que tendo fé e acreditar em deus,se sente mais seguro e capaz para continuar uma vida feliz.porque não acreditar que deus existe,se e nele que a imagem da perfeição existe. Ana Barbosa 1 ano de psicologia- regime diurno

Rio D´Alma disse...

Alemanha - Inicio do século 20

Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta:

“Deus criou tudo o que existe?"

Um aluno respondeu valentemente:
“Sim, Ele criou…”
“Deus criou tudo?” - perguntou novamente o professor.
“Sim senhor” respondeu o jovem.
“Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?" respondeu o professor.
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era um mito. Outro estudante levantou a mão e disse:
“Posso fazer uma pergunta, professor?”
O professor consentiu. O jovem ficou de pé e perguntou:
“Professor, o frio existe?”
“Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso nunca sentiu frio?”
O rapaz respondeu:
"De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objecto é susceptível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia.
O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor".
“E, existe a escuridão?” continuou o estudante.
O professor respondeu: “ - Existe.”
O estudante respondeu:
“Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim?
Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente”

Finalmente, o jovem perguntou ao professor: “Senhor, o mal existe?”

O professor respondeu: “Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, observamos todos os dias a crimes e violência no mundo e essas coisas fazem parte do mal.”

E o estudante respondeu:
“O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal.
Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz.
O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações.
É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.”

Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado. Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome?
E ele respondeu:
“ALBERT EINSTEIN, senhor”


Fonte: http://www.pensador.info/autor/Albert_Einstein_-_1879-1955_Premio_Nobel_de_Fisica_em_1921_-_N/

Rita disse...

Porquê Deus?

Penso que quando alguém nos questiona ácerca da nossa fé é porque à partida o nosso envolvimento, ou os encomoda, ou lhes diz algo. Porque acredito, acho que nenhuma explicação é necessária. Por isso, temos que ter sensibilidade, respeito e humildade para escutar as suas questões ou argumentações, no sentido de também nós aprendermos algo que nos possa ajudar a crescer, principalmente, como seres humanos. Aliás, tudo funciona como uma mais valia e nós ao conseguirmos transmitir um pouco da importância para nós da Fé em que acreditamos, estamos a dar um contributo da nossa idoneidade como crentes. Acreditar significa confiar.

Rita-E.A.C.-1ºano

Rita disse...

Peço desculpa pelo erro na palavra "encomoda" o correcto é incomoda.

Rita-E.A.C-1ºano

Raquel Cunha disse...

A ciência até aos dias de hoje tem evoluído e descobre coisas que não nos passa pela cabeça, mas encontrar a existência ou não existência de Deus a meu ver é algo impossível, mesmo a própria religião chega uma certa altura que não consegue explicar tal fenómeno.
Cada um decide em acreditar ou não na religião, pois se pensarmos bem, por um lado mesmo não nos apercebendo cumprimos uma grande parte das regras religiosas, pois ajudamo-nos constantemente, vivemos para “servir” os nossos amigos e família (…) mas por um lado cientifico pensamos: Onde está Deus? Se é paz que ele quer porque é que ele não cria paz no mundo? Porque há tanta falsidade? (…) Voltamos a encontrar a divisão entre a ciência e religião, estas serão sempre duas e nunca uma só.
Pessoalmente acho que a religião não deveria ser discursada, pois crer ou não depende de cada um. Se a religião não fosse criticada não haveria tantos mortos, guerras… não consigo entender o porquê da religião por fim a tantas pessoas, mas será que se eu acreditar ou não em Deus faço mal a alguém!? Então porque é que a religião não é um assunto encerrado??

1ºano/psicologia
221907028

iolanda silva disse...

boa noite, achei interessante colocar a letra desta musica no blog porque sao questoes que sao colocadas diariamente pela nossa sociedade.

"Há perguntas que têm que ser feitas...

Quem quer que sejas, onde quer que estejas,
Diz-me se é este o mundo que desejas,
Homens rezam, acreditam, morrem por ti,
Dizem que estás em todo o lado mas não sei se já te vi,
Vejo tanta dor no mundo pergunto-me se existes,
Onde está a tua alegria neste mundo de homens tristes?
Se ensinas o bem porque é que somos maus por natureza?
Se tudo podes porque é que não vejo comida á minha mesa?
Perdoa-me as dùvidas, tenho que perguntar,
Se sou teu filho e tu amas porque é que me fazes chorar?
Ninguém tem a verdade o que sabemos são palpites
Se sangue é derramado em teu nome é porque o permites?
Se me destes olhos porque é que não vejo nada?
Se sou feito á tua imagem porque é que durmo na calçada?
Será que pedir a paz entre os homens é pedir demais?
Porque é que sou discriminado se somos todos iguais?

Porquê?!

Porquê que os Homens se comportam como irracionais?
Porquê que guerras, doenças matam cada vez mais?
Porquê que a Paz não passa de ilusão?
Como pode o Homem amar com armas na mão? Porquê?
Peço perdão pelas perguntas que tem que ser feitas
E se eu escolher o meu caminho, será que me aceitas?
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei...
Eu acredito é na Paz e no Amor...

Por favor não deixes o mal entrar no meu coração,
Dou por mim a chamar o teu nome em horas de aflição,
Mas tens tantos nomes, és Rei de tantos tronos,
E se o Homem nasce livre porque é que é alguns são donos?
Quem inventou o ódio, quem foi que inventou a guerra?
Ás vezes acho que o inferno é um lugar aqui na Terra,
Não deixes crianças sofrer pelos adultos,
Os pecados são os mesmos o que muda são os cultos,
Dizem que ensinaste o Homem a fazer o bem,
Mas no livro que escreveste cada um só leu o que lhe convém,
Passo noites em branco quase sem dormir a pensar,
Tantas perguntas, tanta coisa por explicar,
Interrogo-me, penso no destino que me deste,
E tudo que acontece é porque tu assim quiseste,
Porque é que me pões de luto e me levas quem eu amo?
Será que essa é a justiça pela qual eu tanto reclamo?
Será que só percebemos quando chegar a nossa altura?
Se calhar desse lado está a felicidade mais pura,
Mas se nada fiz, nada tenho a temer,
A morte não me assusta o que assusta é a forma de morrer...

Porquê que os Homens se comportam como irracionais?
Porquê que guerras, doenças matam cada vez mais?
Porquê que a Paz não passa de ilusão?
Como pode o Homem amar com armas na mão? Porquê?
Peço perdão pelas perguntas que tem que ser feitas
E se eu escolher o meu caminho, será que me aceitas?
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei...
Eu acredito é na Paz e no Amor...

Quanto mais tento aprender, mais sei que nada sei,
Quanto mais chamo o teu nome menos entendo o que te chamei!
Por mais respostas que tenha a dúvida é maior,
Quero aprender com os meus defeitos, acordar um homem melhor,
Respeito o meu próximo para que ele me respeite a mim,
Penso na origem de tudo e penso como será o fim,
A morte é o fim ou é um novo amanhecer?
Se é começar outra vez então já posso morrer...

(Ao lado ainda arde, a barca da fantasia,
o meu sonho acaba tarde,
acordar é que eu não queria...)"

agradeço a resposta do professor e gostaria que estas questoes fossem debatidas na aula, pois penso que é do interesse de todos :)

Iolanda Silva