domingo, 2 de março de 2008

Porquê Deus? - I

1. Porquê a ciência, se tenho Deus? A questão da relação entre ciência e religião interessa-me desde há muito tempo, mas devo confessar que não é fácil encontrar pessoas que do lado da religião tenham suficiente informação sobre a ciência, e vice-versa. Mesmo da parte das elites cristãs, como são os teólogos, não é fácil encontrar pessoas que não só estejam informadas sobre os dados científicos, mas que também compreendam, sem desnecessárias ansiedades, as implicações que esses dados poderão ter para a própria teologia. O heliocentrismo defendido por Copérnico e Galileu teve enormes, para não dizer devastadoras, implicações na teologia cristã: destruiu completamente o universo medieval. E isso foi uma "bênção" para a teologia. Sem a revolução copernicana, e toda a revolução cosmológica subsequente, ainda estaríamos hoje a acreditar que o empíreo, a habitação de Deus, dos anjos e dos santos, estava situado por detrás da esfera das estrelas fixas! O evolucionismo proposto por Charles Darwin tem consequências ainda maiores. Contemporaneamente, as ciências cognitivas lançam novos desafios à compreensão do ser humano e da sua experiência religiosa. A teologia só tem a ganhar se levar a sério estes novos dados que lhe vêm da ciência. Os teólogos não se poderão limitar a achar interessantes as teorias científicas, como se não tivessem de as estudar e levar a sério enquanto teólogos. A teologia deve retirar das teorias científicas suficientemente fundamentadas as implicações que introduzam modificações no próprio discurso teológico e na autocompreensão que o cristianismo tem de si mesmo. De outra forma, os teólogos poderão estar a fazer um discurso cada vez mais irrelevante.

2. Imagens incorrectas do cristianismo. Uma ideia muito divulgada entre os críticos da religião em geral e do cristianismo em particular é a de que

a) os crentes se consideram possuidores de uma visão total, coerente e integrada de Deus, do universo e da vida, não tendo portanto quaisquer dúvidas sobre o quer que seja, e que se alguma dúvida surge, ela é prontamente resolvida pelos padres e pelos teólogos;

b) os crentes acreditam em dogmas rigidamente formulados e que não podem ser discutidos criticamente na sua formulação;

c) a crença religiosa é uma questão de se aceitar cegamente até mesmo o que é absurdo, porque foi revelado por Deus;

d) a religião alimenta-se de milagres, de crenças bizarras; etc., etc.

Devo dizer que não me reconheço minimamente em tais caricaturas do cristianismo apresentadas em livros, artigos e textos vários cuja publicação se tem recentemente multiplicado recentemente. Considero além disso que, objectivamente, estas caricaturas não correspondem à realidade do desenvolvimento histórico do cristianismo nem à sua actualidade. Os cristãos não sabem tudo, as dúvidas são elementos integrantes da crença religiosa, e o espírito crítico é fundamental para que a religião não caiam no dogmatismo fundamentalista ou na superstição. Além disso, dualismos como natural/sobrenatural, imanente/transcendente, este mundo e o outro, etc., tradicionalmente relacionados com a crença religiosa, exprimem mal, a meu ver, a auto-compreensão do cristianismo

3. Ler a Bíblia hoje. A interpretação da Bíblia tem conhecido mudanças significativas desde o século XIX, mas a leitura abstracta e literal de passagens que devem ser lidas contextual e, por vezes, metaforicamente, é ainda praticada por muito poucos. Tanto o criacionismo, como a afirmação repetidamente feita pelos críticos do cristianismo acerca do carácter sanguinário do Deus do Antigo Testamento, por exemplo, baseiam-se numa leitura do texto bíblico que já pertence à história. Não há um conceito de Deus no Antigo Testamento, mas vários. Os livros que compõem o Antigo Testamento não constituem um curso sistemático de teologia, mas a interpretação que o povo judeu fez da sua história a partir da crença num Deus único. Quando venciam e destroçavam outros povos, os judeus concluiam que esse Deus estava com eles e lhes ordenava que destruíssem os seus adversários. Mas isso não significa de modo algum que devamos tomar essa interpretação como correspondente ao facto de Deus ser sedento de sangue, de destroços e de despojos.

Alfredo Dinis

31 comentários:

eugenios disse...

Boa tarde a todos,no texto que acabei de ler porquê a ciência, se tenho Deus? Eu acho que todos nós precisamos da Ciência mesmo tendo Deus.
Porque Deus é o único e não ha outro igual.

Jacqueline.

Joana Soares disse...

Bom dia. Este é um tema que eu acho bastante interessante.
Sempre tive uma educação na Fé, e comecei a ter as minhas dúvidas aos 12 anos quando aquilo que eu aprendia na catequese e na Eucaristia nao coincidia com o que estava a aprender na escola. Foi o confronto entre a Religião e a Ciência. Claro que consegui livrar-me destas primeiras dúvidas, pois sempre procurei saber mais. Fundamentei os meus conhecimentos Biblicos sem pôr de parte a Evolução da Ciência que tão importante foi para nós.
Um dos problemas da Religião é esquecermo-nos que existe um Novo Testamento e interpretar a biblia à letra. É importante que haja um bom pastor que saiba transmitir os ensinamentos actualizados e um rebanho que esteja disposto a escutar e compreender. Na minha opinião, estamos cada vez mais longe de conseguir isto, mas não podemos deixar de trabalhar para o conseguir.
Por exemplo, eu acho a Fé dos meus avós muito diferente da minha, são duas gerações, não muito distantes, com interpretações diferentes. Qual é mais verdadeira? Aquela com dogmas inabaláveis, que por vezes não tem qualquer sentido, ou aquela baseada em dúvidas e questões que me vão ajudando a crescer?
As dúvidas sempre existiram e vão continuar a existir, tanto na Religião como na Ciência. Mas a ousadia do Cristão (e do cientista) está em querer saber sempre mais, mesmo que tudo lhe pareça absurdo.
Joana Soares.

Carina Rodrigues disse...

Boa Tarde a todos,


“Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças". É o 1º mandamento.
Porquê Deus? Porque Deus ama o mundo e tudo o que nele construiu. Não liga a raças, línguas, culturas, até mesmo religiões.
Deus, porque sem ele nós não existiríamos e não conseguiríamos ter a capacidade de descobrir a ciência.
Deus, porque é ele que nos alimenta, que nos dá força para descobrir e evoluir.
Acredito que poderá existir Deus sem Ciência, mas não Ciência sem Deus.
Afinal Deus não é o Criador de tudo? Não foi ele o criador do mundo? Então porque separá-lo da ciência?
Penso que são 2 coisas distintas mas que se podem unir. Não considero que o avanço da ciência alguma vez conseguirá eliminar Deus, mas sim tentar explicar o nascimento Dele de uma forma diferente e mais actual, pois acredito que cada realidade de cada tempo, é defendida de formas diferentes. Por exemplo, no século XIV era uma época mais religiosa, e no século XXI somos mais científicos.
Deus cria, a ciência descobre, embora com objectivos distintos, um religioso e outro racional, menos sentimental.
Embora a ciência possa explicar certos factores de uma forma mais clara, quem acredita em Deus, acredita em sonhos, em paz, em algum que são é visível aos nossos olhos, em algo que não se explora nem identifica, mas que se sente.

Carina Rodrigues
1º Ano Psicologia

Scretly disse...

Todos os católicos, por mais tementes que sejam a Deus, têm dúvidas e, independentemente dos progressos da ciência nesta área, continuarão a ter. Como já referi no meu comentário anterior, a busca da verdade está em cada um de nós, assim como, a separação do correcto e dos absurdos, referidos no texto, também estão.
Contudo, a busca de uma justificação por parte da ciência faz todo o sentido uma vez que, poderá ajudar a diminuir algumas dúvidas, e a dar credibilidade a certos factos.

Helena Araújo,
Psicologia 1ºano

Natália Macedo disse...

A Ciência é muito importante para o homem, pois como ser curioso e criativo que é, necessita do conhecimento, para alimentar, as suas necessidade lúdico-laborais, e de evoluir constantemente, na sua forma de analisar, tudo que o rodeia. Aqui tem que existir uma maneira de moderar os limites do conhecimento do homem, a ética, a moral e a religião são factores importantes neste processo.
Existe actualmente uma preocupação constante, em criar máquinas que possam substituir o trabalho do homem, e de certa forma mecanizar os serviços para que sejam mais eficientes, neste sentido é crucial não nos esquecermos que em muitas áreas, as relações humanas são o mais importante. É aqui também que a fé religiosa entra e na área da saúde é fundamental, na minha modesta opinião.
Agora vejamos algumas críticas que alguns autores fazem à fé religiosa: falseia completamente a origem do homem e do cosmos; consegue combinar o máximo de subserviência com o máximo de solipsismo, é , simultaneamente, o resultado e a causa de uma perigosa repressão sexual; e, em ultima analise, fundamenta-se em pensamento ilusório (Christopher H, 2007)
Acho que actualmente estes aspectos têm sido ultrapassados, porque, ao longo do crescimento intelectual e de vivência a pessoa vai construindo a sua fé religiosa. Penso que é possível acreditar na ciência e acreditar em Deus.

Natália Macedo
1ºAno Psicologia Pós-labora

Joaninha disse...

Joana Maia

Eu acho que Ciência e Deus coabitam no mesm Universo, pois as pessoas tanto acreditam nas descobertas científicas como acreditam nos milagres que Deus faz.
Acredito que Deus tem mais poder em relação à Ciência, pois existem muitas pessoas que acreditam Nele veemente e que não acreditam ou não crêm na Ciência.
Joana Maia, CID.

Isabel Rebelo disse...

Acima Da Verdade

Acima da verdade estão os deuses.
A nossa ciência é uma falhada cópia
Da certeza com que eles
Sabem que há o Universo.

Tudo é tudo, e mais alto estão os deuses,
Não pertence à ciência conhecê-los,
Mas adorar devemos
Seus vultos como às flores,

Porque visíveis à nossa alta vista,
São tão reais como reais as flores
E no seu calmo Olimpo
São outra Natureza.

Ricardo Reis - Odes De Ricardo Reis

Sara Pinheiro disse...

Um dia disse à minha mãe que nunca mais iria à missa. Deixei bem claro que não adiantava insistir. Não compreendia a necessidade dos cânticos ou das rezas. Não era a existência de Deus que punha em causa, mas sim a religião, a forma com o ser humano estabelece uma relação com Deus. Para mim, de facto, o cristianismo alimenta-se de crenças bizarras, como a ressurreição, a adoração dos santos, as relíquias...
Lembro-me do medo que sentia daquele "senhor" ensanguentado pregado na cruz e de todas aquelas figuras humanas esculpidas com caras de sofrimento. Não entendia a necessidade de todas aquelas imagens para a fé. Sempre considerei a fé algo individual e vivê-la no colectivo metia-me confusão.

Às vezes penso no que aconteceria se um dia se provasse que Deus não existe (embora eu acredite que nunca se irá provar tal coisa). Seria o caos...tudo o que já se construiu, tudo o que se reclamou, tudo o que se falou em seu nome perderia sentido, tornar-se-ia ridículo. Uns sentiam-se desesperados e vazios, outros resignados, outros ainda envergonhados. Acho que já conhecemos o mundo sem ciência, mas e sem religião?

Estou claramente a fugir ao tema do post, no entanto quis falar um pouco da minha vivência da religião.
A grande questão parece ser: podem a religião e a ciência co-existir?A resposta é afirmativa. Porém é necessário viver a religião e a ciência da mesma forma: com espírito crítico.
Não existem dogmas científicos. Já todos devem ter reparado que não podemos acreditar piamente nos estudos científicos que lemos, porque o da próxima semana vai contrariar o da semana anterior, e será sempre assim (já para não falar das grandes teorias científicas). Se hoje a cenoura faz bem aos olhos, amanhã provocará cegueira (uma imagem absurda, eu sei, mas acho que me fiz entender).
Devemos ter a mesma atitude face à religião. É verdade que noutros tempos religião era lei e ainda hoje impõem certos comportamentos, mas no presente cada vez menos a caracterização do crente corresponde à feita por Nietzsche no "O Anticristo":


«(...)o tipo contrário, querido, criado, conseguido: o animal doméstico, o animal de rebanho, o animal doente que é o homem - o cristão...»


Apesar disso,a religião ainda é o ópio do povo, como disse Marx. Acredito que está condenada, embora não seja a ciência que a irá matar.

Por último, deixo aqui uma citação sobre o assunto:

«Ciência sem religião é manca. Religião sem ciência é cega.» (Albert Einstein)



Sara Pinheiro, EAC

Isabel Rebelo disse...

Gilberto Gil - Se Eu Quiser Falar Com Deus
Gilberto Gil
SE EU QUISER FALAR COM DEUS
Gilberto Gil
1980


Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

Carina Rodrigues disse...

Boa tarde,


Começo por fazer uma pequena reflexão acerca do comentário da colega Feliciana.
Em relação à pergunta “Será suficiente a educação cristã na família?” Na minha óptica, (talvez por ser crismada), não tenho a mínima dúvida de que é fundamental mas não suficiente, em relação à educação dos pais para com os seus filhos. É verdade ou não que os nossos pais nos incutem tudo aquilo em que acreditam porque acham que é o melhor para nós? Tal como a religião, a politica, o futebol, entre outros, tudo acaba por ser uma convenção social e um jogo de interesses. É claro que na “idade adulta cada um segue o seu caminho.” Tal como mencionou o Dr. Dinis.
Continuo a afirmar que é uma convenção social e que quem escolhe este caminho não põe em causa acreditar em factos reais ou não, mas sim por sentir a palavra de Deus.
Concordo consigo quando diz que hoje ninguém se senta à mesa a conversar sobre a religião como acontecia há anos atrás. Penso que isso se deve ao facto da evolução da ciência, no sentido de não termos tempo para nada, mas ao mesmo tempo acredito, que ser cristão não é quem fala, não é quem vai todos os dias à missa, mas sim quem ouve na verdade a palavra de Deus e a sente. Tal como referiu a colega Helena “A busca da verdade está em cada um de nós”. Acredito que a ciência e religião se completam.

Carina Rodrigues
1º Ano Psicologia

rO disse...

Sempre achei, de certa forma, intriguista esta perspectiva actual de que "os crentes se consideram possuidores de uma visão total"; esta afirmação foi a que mais me chamou a atenção visto que foi uma das minhas próprias dúvidas quando comecei a entender o que era ser cristão. Pensava muitas vezes ao ouvir a leitura de partes da Bíblia, de que seriam verdades incontestáveis e que nunca poderia discordar do que ouvia o sr padre dizer… Agora entendo que ser cristão, é também ser crítico, procurar; considero agora que a própria Igreja, e ser religioso, é mais uma componente neste mundo em que o que mais é preciso é a união entre todos, independentemente da raça, classe social, etc.. Somos todos irmãos.
A ciência e a religião não se deveriam ter tanto como ‘inimigos’, pois são duas componentes com uma enorme dimensão e extremamente necessárias, tanto uma como outra, deram importantes desenvolvimentos para o próprio ser humano, além do que, tal como foi referido pela colega Carina, são 2 coisas distintas mas que se podem e devem unir..

Teresa Oliveira
Psicologia 1º ano
RG

Isabel Rebelo disse...

Tenho a firme convicção de que, se eu fosse Deus, não permitiria tudo isto...


http://br.youtube.com/watch?v=ys1Ly2esHuo

José Bastos disse...

“ Um pouco de filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religião”
Fonte: "Essays, Of Atheism"
Autor: Francis Bacon
Nota: o filósofo do século XVII e não o pintor do século XX

Alinhando na citação, e procurando contribuir para o confronto de ideias sobre a questão, começaria por dizer: Porquê Deus se tenho a Ciência?
Esta dicotomia entre Deus e a ciência faz tanto sentido como uma outra, que vou usar por analogia:
Porquê comer se tenho sede?
Porquê beber se tenho fome?

Tudo dependerá sempre de quem faz a pergunta e da resposta que procura nas profundezas da pergunta.

Comer poderá resolver o meu problema da sede e beber poderá resolver o meu problema da fome (se comer uma laranja, poderei ficar sem sede; se beber um copo de leite, poderei ficar sem fome; se comer sal ficarei com sede).

Deus e Ciência poderão ser discutidos por justaposição e não por contradição.

José Bastos
EAC

Isabel Rebelo disse...

http://br.youtube.com/watch?v=Rt_lp69CkG8

Isabel Rebelo disse...

Este senhor parece não ter dúvidas...eu mantenho as minhas.

http://br.youtube.com/watch?v=oKk78OgZ6Vs

Isabel Rebelo disse...

Olá, bom dia!

Os hiperlinks anteriormente colocados não estão activos mas como alternativa: copiar e colar na barra de endereços.

Psicologia Faculdade Filosofia Braga disse...

Viva! Mais uma vez elogio todos estes comentários. Deram-me muito gosto lê-los e fizeram-me pensar!
Em relação ao tema a discutir: achei muito interessante a forma como foi colocada a questão: Porquê a Ciência, se tenho Deus? Em vez de "Porquê Deus se tenho a Ciência?" Penso que desta forma colocada, a questão desafia mais quem crê em Deus e na religião do que quem crê na ciência. Parece-me um abanão dirigido aos crentes, para que se deixem instigar pela ciência de modo a purificar a sua fé. Por outro lado, é uma resposta àqueles que dizem que para os cristãos está tudo dito e que o que lhes resta é cumprir o tal 'já dito'. Concordo plenamente com o diálogo entre fé e razão. Aliás é necessário. Os Teólogos devem estar atentos à ciência, e esta deve igualmente ter uma atitude de escuta para com aqueles e não uma atitude de rejeição. Quando o verdadeiro diálogo não acontece dão-se os fundamentalismos quer de um lado quer do outro. E assim é impossível caminhar na compreensão do homem e da vida num sentido profundo e holístico. Achei interessante algumas intervenções, tais como: Deus cria, a ciência descobre; a religião delimita o poder da ciência; Deus tem mais poder que a ciência;os deuses(de Fernando Pessoa)são reais, mas de outra natureza; e se Deus não existisse? Já conhecemos o mundo sem ciência e sem religião?
Em relação a esta última questão levantada, gostaria de dizer que alguns já concebem o mundo sem Deus, pois não acreditam nele; acham-no melhor, mais livre, mais feliz.Para os que acreditam, essa hipótese é impossível de se pensar, pois ainda que se descobrisse que Deus afinal não existe, eles continuariam a acreditar que sim. Outro aspecto focado, pela Carina, foi a questão da tradição religiosa. Mas atenção que nem todos os crentes foram criados em ambiente cristão. Alguns foram atá criados na sua ausência, e tornaram-se grandes crentes, e até Santos. E por fim, Deus é o Deus dos imprevistos, por isso Gilberto Gil, no final de tanto procurar e imaginar, não encontrou nada do que esparava encontar.


Ana Margarida
1º ano de Psicologia
Pós-laboral.

Carina Rodrigues disse...

Boa Tarde,

Andei a pesquisar acerca do tema e encontrei a seguinte frase: “Qualquer teoria física é provisória, no sentido em que é apenas uma hipótese, no qual não se pode nunca prová-la. Por mais vezes que os resultados das experiências estejam de acordo com uma determinada teoria, nunca se pode ter a certeza de que na vez seguinte um resultado não irá contradizê-lo”. Ou seja, eu acredito realmente na ciência e que graças a ela estamos sempre a evoluir e a crescer, mas também é verdade que os factos variam de acordo com quem os descobre.
Segundo Karl Popper “sempre que se observam novas experiências que estão de acordo com as previsões, a teoria sobrevive e a nossa confiança nela aumenta, mas, se alguma nova observação está em desacordo com ela temos de abandonar ou de a modificar”. Logo, nem mesmo a ciência é 100% garantida em certos aspectos, porquê colocar em causa a palavra de Deus e as suas teoria?
Tal como mencionei noutras participações não se pode sobrepor a Ciência a Deus. São 2 coisas distintas e complementares.

Carina Rodrigues
1º Ano Psicologia

Psicologia Faculdade Filosofia Braga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ceumaciel disse...

Senhor professor,

O binómio que traz à coacção tem atravessado a História e a estória da História merecendo desde sempre uma fricção na conjugação verbal da crença e da sabedoria científica. Ambas se enredam em complexos mecanismos mentais que foram evoluindo ao longo dos séculos. Hoje, Fé e Razão encontram-se mais por necessidade do que por vontade. Ambas precisam uma da outra na medida em que globalizamos o pensamento e a teoria servindo-a de forma crua em todos “os pratos”, do Oriente ao Ocidente.
Tomemos como exemplo o avanço da ciência na busca incessante, desde a década de 50 do século XX, pelo domínio espacial e olhemos para as consequências do Concílio do Vaticano II. Ambos, parecendo distantes, tomaram rumos que deram luz ao pensamento e à vontade dos homens. Ambos foram capazes de encontrar fórmulas que permitiram eliminar dogmas que se julgavam imutáveis e imortais.
Deus vida ciência são compatíveis com a evolução e mais do que isso são compatíveis com a fé e a crença de cada um. Pergunto-me a mim própria: Não será que ao excluímos Deus das nossas vidas, no seguimento de novos princípios, nos fica um vazio que se torna necessário preencher e que aqueles que excluíram DEUS das suas vidas não terão interiormente uma necessidade de ir alem do material, do perceptível, do que é comprovado e não buscarão alternativas? E estas alternativas não serão muitas vezes mais primitivas e supersticiosas do que o cristianismo?
Uma vez que a ciência não responde a tudo, não tem explicações para coisas básicas e que a cada certeza acrescentamos as incertezas acerca da existência e da vida, então penso que a ciência nunca conseguirá eliminar por completo o espaço da crença e da fé, penso até que pode é dar espaço a que nos encontremos mais com DEUS ou até abra espaços para outras crenças e/ou religiões que não apenas o Catolicismo.
Porque não podemos acreditar em DEUS e acreditar na ciência? Porque temos de ser tão radicalistas? Eu penso na ciência ao nível da objectividade e penso na religião ao nível da experiência religiosa, que é subjectiva então não poderá a ciência ser compatível com DEUS, e DEUS com a ciência…
Menciono aqui algumas palavras de alguém que admiro muito: João Paulo II, na encíclica papal sobre a relação entre fé e razão, religião e filosofia: “Fides et ratio”: ”todo progresso científico deve ser também um progresso de amor, chamado a colocar-se ao serviço do homem e da humanidade e de oferecer sua contribuição à edificação da identidade das pessoas”. (Juan Pablo, 1998).
Nem a Fé nem a ciência me metem medo. O que me mete medo é o extremismo seja ele a favor de quem for.

Maria do Céu Oliveira
Aluna do 1º ano de Psicologia – Pós-laboral

Isabel Rebelo disse...

Meu Deus...dito desta forma,rendo-me...

http://br.youtube.com/watch?v=HakV--x6LXM

Fiquem bem e bom fim de semana a todos!

Anónimo disse...

Boa noite,

Gostaria de expressar a minha postura perante a existência ou não de DEUS.

1º Acredito que o ser humano tem necessidade de acreditar em algo, de ter fé.
Mesmo os incrédulos, nas horas de aflição recorrem a DEUS

2º Acredito que o mundo não foi criado por acaso.

Seja qual for a justificação que os cientistas dêem ao aparecimento do universo, eu acredito que existe uma força maior que me protege e me ajuda a levar o barco a bom porto. Esta força, á qual eu chamo DEUS, permite-me levantar de manhã e olhar pela janela entre os raios de sol e o cantar dos pássaros e pensar”Deus existe”, que outro ser iria criar um mundo assim?
Pensam alguns de vocês, “ E a tristeza? E o sofrimento? São também obra de DEUS?
Acredito que sim, na minha humilde opinião somos seres com livre arbítrio, com capacidades de distinguir o bem e o mal embora na maior parte das vezes prevaleça o mal, que é mais fácil de fazer e não envolve sacrifícios, mas neste caso falamos de sentimentos.
Qual é a ciência que explica os sentimentos? A esta questão penso que ninguém sabe responder.

Acredito no sol mesmo quando não brilha, acredito no amor mesmo quando não o sinto e acredito em DEUS mesmo sem o ver.

Marina Pereira
1º Ano Psicologia

Anónimo disse...

boa noite,acerca deste tema,que tive o cuidado de ler com atenção,na minha opinião a ciência e a religião nao podem ser dois conceitos interligados,porque cada um deles se encontra em parametros diferentes,além de ambos procurarem novas inovações,e quererem saber mais,porque por um lado temos a religião em que a pessoa e livre de ser crente,e se guiar sobre as "leis" da biblia da distinção do bem e do mal,acreditando que deus e um ser superior capaz de "produzir"todo o bem no mundo,por outro lado,os cientistas contribuem para o avanço da humanidade.Achei ainda importante referir como o senhor professor dizia no texto,que a leitura da biblia so e acessivel a alguns,ou seja, os costumes,os valores as tradições da igreja,são hoje em dia postos de lado,porque cada vez mais as pessoas,fazem com que estas tradições fiquem esquecidas,na minha opinião pessoal acho que deviamos fazer alguma coisa para manter estas tradições que deviam ser valorizadas e mantidas durante gerações. ANa Barbosa-1 ano psicologia.Regime diurno

Sara disse...

Deus!Quem é ele?O que é que ele fez?Ninguém o sabe.
E a ciênca?Porque é que as pessoas depositam tanta confiança em algo tão "mentiroso"?
Tanto Deus como a ciência são incertos, pouco credíveis e enganadores. Mas a ciência leva um pequeno avanço, pois a maioria crê que esta nos trará a resposta ás nossas perguntas.Talvez o seja por falta de cultura pois na ciência o que foi hoje pode não ser amanhã.
Quanto a Deus, é um ser(ou o que lhe queiram chamar) no qual os crentes depositam toda a sua confiança, medos,receios..Mas prque fazem isso as pessoas se nem sabem se ele existe, se fez isto, se os ouve..?
Este tema é muito controverso pois se nem Deus nem a ciência são duas fontes seguras, o que leva as pessoas a acredtarem neles??
Viveremos num mndo de ilusão??

Sara Patrícia-EAC

Andreia Ribeiro disse...

Sou Católica mas no entanto acredito na Ciência. Quando se estuda um determinado fenómeno, não se pensa na religião! Tem-se a “ fé” de o conseguir explicar!

no meu ponto de vista penso k a ciencia faz muito mais sentido, pois apesar de acreditar na religião, axu k que a ciencia consegue explicar e provar diversos temas como a origem do mundo, a origem do homem e a sua evolução, entre outros, com racionalidade enquanto que k a religiao tambem aborda estes temas, mas de uma forma completamente diferente k lhe da pouca credibilidade..
Por muito falível que seja a ciência, esta desenvolveu um método que permite ir aperfeiçoando o seu conhecimento das coisas. Já a religião nunca conseguiu limitar a sua tendência para a propaganda de padrões de comportamento (justificáveis dadas as condições de nascimento da religião).
A religião e a fé têm sempre o seu lugar para quem as queira abraçar, mas não podem ter a pretensão de impôr versões fantasiosas dos acontecimentos e fazê-las passar por verdades inquestionáveis.

Andreia Ribeiro disse...

Sou Católica mas no entanto acredito na Ciência. Quando se estuda um determinado fenómeno, não se pensa na religião! Tem-se a “ fé” de o conseguir explicar!

no meu ponto de vista penso k a ciencia faz muito mais sentido, pois apesar de acreditar na religião, axu k que a ciencia consegue explicar e provar diversos temas como a origem do mundo, a origem do homem e a sua evolução, entre outros, com racionalidade enquanto que k a religiao tambem aborda estes temas, mas de uma forma completamente diferente k lhe da pouca credibilidade..
Por muito falível que seja a ciência, esta desenvolveu um método que permite ir aperfeiçoando o seu conhecimento das coisas. Já a religião nunca conseguiu limitar a sua tendência para a propaganda de padrões de comportamento (justificáveis dadas as condições de nascimento da religião).
A religião e a fé têm sempre o seu lugar para quem as queira abraçar, mas não podem ter a pretensão de impôr versões fantasiosas dos acontecimentos e fazê-las passar por verdades inquestionáveis.

andreia ribeiro RG

Mª Laura Silva disse...

Não acredito que algum dia haja concenso entre cientistas e teólogos, porque cada qual tenta defender a sua causa separando as partes. É pena porque o campo científico é interessantíssimo.A cultura e a fé deviam andar de mãos dadas na tentativa de construir a fé e combater a injustiça social.Ninguém sabe tudo e ainda bem que assim é porque as dúvidas fazem-nos crescer.
Interpretar a Bíblia é uma tarefa difícil e que eu desde há muito tempo tento compreender com muito empenho.
Maria Laura CID

Rui Carneiro disse...

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.



Sophia de Mello Breyner Andresen

Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/Pós-laboral

Manuel Pereira disse...

Boa noite a todos!

Li todos os vossos comentários com grande atenção e interesse e anteciparam algumas das ideias que gostaria de partilhar. Desta forma, resta-me fazer uma opinião crítica acerca do texto "Porquê Deus? -I" do Doutor Alfredo Dinis.

Porque será que muitos conceituados autores, através das suas obras mais ou menos corrosivas contra a Fé Cristã ou das Religiões em geral têm imagens incorrectas sobre o Cristianismo?

Porque será que cada vez mais crentes se tornam descrentes?

A meu ver, a Religião Católica não está isenta de culpas e deve assumir as suas responsabilidades.
A ciência não explica tudo, mas produziu e produz muito conhecimento, e a integração e aceitação desse saber pela Igreja tem sido, ao longo da história, um processo lento e encontra sempre uma forte oposição. É por isso que se fala de "revoluções", e "implicações devastadoras".
Frequento com alguma regularidade a Igreja, sei as rezinhas quase todas, as homilias são enfadonhas e quase ninguém presta atenção, visualizo corpos presentes com espíritos ausentes. É sempre a mesma coisa e as pessoas, em particular os jovens, afastam-se e começam a tornar-se descrentes porque o discurso é invariávelmente o mesmo.
A igreja deve hoje, mais do que nunca, abraçar o caminho da harmonização entre "Ciência" e "Fé", deve estar mais informada, deve actualizar o discurso teológico em função dos novos desafios da ciência, ou seja, terá de se modernizar e adaptar às mudanças da sociedade contemporânea.
É na Igreja e na crença em Deus que o homem encontra um refúgio e o conforto espiritual que necessita para fortalecer os valores morais de amor e respeito pelo próximo e da família.
Deixemo-nos de discutir dualismos para um dia os meus filhos poderem dizer: "Tenho Deus e tenho Ciência"

Manuel Pereira -1º Ano Psicologia

Raquel Cunha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raquel Cunha disse...

Na minha opinião Deus é fundamental para a continuidade das criaturas, pois estas estão demasiado presas a religião.
Mesmo com a existência da ciência e o progresso desta as pessoas precisam de algo sobrenatural, assim quando a ciência não consegue explicar determinado acontecimento, Deus está lá para tapar aquele “buraco” em falta, fornecendo esperança para a solução de um problema ou para a resolução de uma teoria.
Tantos os cristãos como os ateus cometem um grave erro ao acreditar inteiramente na existência ou na não existência de Deus. Infelizmente não põem a questão: será que Deus existe? Será que não existe? Apenas se fundamentam pelas suas ideias. Isto do meu ponto de vista está errado. Nós deveríamos de ter um pouco de fé “dentro” de nós, mas também desconfiar da religião, ou seja, por um ponto de interrogação sobre a fé. Até onde vai a fé?
A bíblia é o testemunho desta fé e de toda a religião cristã, mas esta livro sagrado não evolui com os tempos, tendo assim como consequência a não importância pela religião.


1ºano/psicologia
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