domingo, 9 de março de 2008

ser ateu

Ser ateu não é nada por que se tenha de pedir desculpas. Pelo contrário, é algo de que se deve ter orgulho, e que nos faz andar de cabeça erguida, e olhos postos no horizonte, porque o ateísmo é, quase sempre, sinal de uma indpendência de espírito saudável e, inclusivamente, de uma mente sã. Há muitas pessoas que sabem que lá no fundo são ateias, mas que não ousam admiti-lo perante as famílias, nem mesmo, em alguns casos, perante si próprias. Isto deve-se, em parte, à circunstância de se ter feito da própria palavra 'ateu' um rótulo terrível e assustador.

Richard Dawkins, A Desilusão de Deus.

47 comentários:

Isabel Rebelo disse...

Ao ler este excerto de Dawkins, permiti-me imaginar um texto, escrito por um crente, mas na mesma linha de pensamento:

"ser crente"

Ser crente não é nada por que se tenha de pedir desculpas. Pelo contrário, é algo de que se deve ter orgulho, e que nos faz andar de cabeça erguida, e olhos postos no horizonte, porque a fé é, quase sempre, sinal de uma indpendência de espírito saudável e, inclusivamente, de uma mente sã. Há muitas pessoas que sabem que lá no fundo são crentes, mas que não ousam admiti-lo perante as famílias, nem mesmo, em alguns casos, perante si próprias. Isto deve-se, em parte, à circunstância de se ter feito da própria palavra 'crente' um rótulo terrível e assustador."

Estes textos poderão ter as mais diversas interpretações dependendo da "lente" de quem os lê: um ateu poderá sentir-se apoiado e reforçadas as suas convicções, um crente poderá não encontrar sentido na sua leitura e vice versa.
Considero que o ateu não é necessariamente antireligioso, não tendo por isso que rejeitar a fé dos que a possuem e sim, o mais absoluto respeito. Esta consideração é igualmente válida para todos os crentes relativamente aos não crentes.

Deixamos nós de gostar de uma pessoa por ela não partilhar as mesmas preferências alimentares, musicais, poéticas, desportivas ou outras?!

O grande problema em matéria de religiões reside na confiança excessiva (algumas vezes absoluta...) de que - a minha verdade é mais verdadeira que a do meu vizinho - com argumentações débeis e ofensivas, resultando não raras vezes em falta de diálogo inter religioso, logo, anulando qualquer tentativa de diálogo construtivo, saudável e necessário - a tolerância religiosa deverá estar sempre à frente de qualquer análise crítica.

Tal como um ateu não tem por que pedir desculpas por ser ateu, também o crente não tem por que pedir desculpas por ser crente.

Para bem da ilusão nos Deuses e para bem das pessoas.

Isabel Rebelo disse...

Não prescindo do poema...

Quando

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

Álvaro de Campos

Carina Rodrigues disse...

Boa Tarde,


Ateu é aquela pessoa que nega a existência de Deus.
Realmente concordo quando diz que existem muitas pessoas que negam ser ateus perante a família, e até mesmo em alguns casos perante si próprios. Simplesmente considero que essas pessoas limitam-se a não pensar nesses assuntos e a não os explorar a 100%. Porém não considero que hoje em dia a palavra ateu tenho esse significado tão assustador.
Mas afinal o que será mesmo ser ateu? Será como algumas colegas dizem “apenas acredito no que vejo????” Mas afinal o que representa para essas pessoas a palavra Amor, a palavra Saudade? Ninguém vê a saudade nem o amor… levanta-se então a questão será que isso existe?
Na minha perspectiva cristã claro que sim, mas quanto aos ateus, o que responderão?
Admito que admiro as pessoas que realmente defendem e argumentam de certa forma “mais convincente” ser ateu, mas em quê que acreditam afinal os ateus? Apenas na ciência? Na tecnologia? E tudo o que está para trás no qual chegamos aqui?
Segundo o Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, no seu texto refere o seguinte: “sabendo nós que um não crente, tem de acreditar em algo, quanto mais não seja na inutilidade de não crer….”
Como justificam então a existência de tudo o que existe? Como justificam tudo o que acontece e não se vê? O que dirão da criação do Mundo?

Carina Rodrigues
1º Ano Psicologia

Isabel Rebelo disse...

Olá, novamente!

Não resisto em responder à mensagem anterior:

Achei interessante a forma como a Carina colocou uma série de dúvidas, que como crente, a assaltam relativamente aos não crentes...

Pergunto eu:

Será que todos os crentes sabem porque o são?
Afinal o que é ser crente?

Ser crente será somente acreditar no que não se vê?

E quanto ao Amor, à Saudade e outros sentimentos nobres...muito mal andaria o Mundo (pior!!...) se só existisse para os crentes e nada sobrasse para não crentes.

O Amor, a Saudade e outros sentimentos nobres afins, existem porque existem os Homens e é na relação com o outro que encontramos o sentido dos termos de outra forma não existiriam. Por isso discordo - com o devido respeito de opinião - em absoluto com a posição de que exitam somente num contexto religioso, cristão ou outro!!

Até à próxima!

Carina Rodrigues disse...

Olá a todos novamente,


Sinto-me tentada a dar resposta ao comentário da Isabel.
Em primeiro lugar, quero frisar muito bem que respeito todo o tipo de crenças e não crenças mas neste momento o tema central do blog é “Ser Ateu”. Por conseguinte, nunca disse que ser crente seria apenas acreditar no que não se vê mas sim, que muitos “não crentes” defendem que apenas acreditam no que vêm.
Certamente que existem muitas pessoas que ainda não conseguiram descobrir o seu caminho, mas acredito que com o tempo o decifraram.
Em relação ao crente, defendo que está relacionado com Cristo, com a Igreja, e com o mundo. Relaciona-se com Cristo pela fé e relaciona-se com a Igreja pelo amor que une a todos os que crêm em Cristo. Assim como Deus enviou o seu Filho ao mundo, nós somos enviados como instrumentos de Deus.
Não quero estar a repetir-me, mas acredito na Ciência e em Deus, não considerando serem duas entidades opostas.
Mais uma vez levanto a questão, em quê que acreditam os ateus?

Carina Rodrigues
1º Ano Psicologia

Sara disse...

Ser ateu é não acreditar em Deus!!E que razões temos para acreditar??? Aquele que ,existindo ou não, foi o responsável pela morte de milhares de pessoas só porque pensavam de maneira diferente?
Penso que hoje em dia, embora não existia liberdade de expressão, existe um pouco mais de tolerância em relação a opiniões contrárias(tal como o ateismo) por isso nã acho que seja um termo assustador(já foi).

Sara Patrícia-EAC

Anónimo disse...

Boa noite,Acho que não há motivo para pedir desculpas por se ser ateu,visto que não acho que esta,seja hoje em dia aterrorizadora e descriminada,para mim cada ser humano e livre de fazer opções,de acreditar ou não em deus por exemplo,de criar o seu próprio caminho, e andar de cabeça erguida,com espirito saudável,porque algumas pessoas la no fundo não admitem que são crentes,por causa da familia, esteriotipos da sociedade,e também a cultura em que estes estão inseridos,ou seja,as pessoas vivem hoje em dia a cumprir padrões de sociedade,a dirigirem a sua vida consoante a cultura que se inserem adaptando- se a ela,mas não deviamos ser tão "escravos" destes ideais,porque se existe liberdade de expressão deviamos admitir o que nos vai na mente,escolhermos se somos ateus,mulçumanos ou cristãos,mesmo que cause impacto nos outros,pelo menos temos algo em que somos livres,que e o pensamento,mesmo que não admitemos o que realmente acreditamos,podemos pensar sobre isso sem que nos repudiem.
Ana Barbosa 1 ano de psicologia- REgime diurno

Isabel Rebelo disse...

Olá, Carina.

Aqui fica demonstrada como a leitura e interpretação pode originar mal entendidos.
Não duvidei que não respeitasses"todo o tipo de crenças e não crenças" - fiquei no entanto, agora,em dúvida do porquê dessa tua necessidade...

Relativamente à pergunta "ser crente será somente acreditar no que não se vê?" - a pergunta é minha, a dúvida é minha: na perspectiva de uma pessoa que tem dúvidas, muitas dúvidas por esclarecer sobre este assunto.Terá havido uma má interpretação da tua parte ao considerares como tua a pergunta?

Dizes "simplesmente considero que essas pessoas limitam-se a não pensar nesses assuntos e a não os explorar a 100%..."Penso ser uma afirmação muito ousada porque radical: a "exploração" ou seja a procura de respostas que aliviem as dúvidas é para muitas pessoas uma tarefa constante ao longo da vida logo não podendo ser pensada simplesmente...

Dúvidas tenho, igualmente, relativamente à relação e "união que une a todos os que crêm em Cristo" - todos sabemos que muitas pessoas não vivem de acordo com as doutrinas nas quais dizem acreditar.

Finalmente, arriscando uma resposta à tua pergunta"...em quê que acreditam os ateus?...":
acreditam que mesmo não tendo as mesmas crenças/convicções que os demais, conseguem no entanto expressar as suas angústias desta forma tão bonita, através da poesia.

Isabel Rebelo disse...

Transcrevo aqui outro poema que julgo apropriado ao tema em debate, embora longo, bonito para ser reflectido. Do poeta e romancista brasileiro, BERNARDO GUIMARÃES:

O DEVANEAR DE UM CÉPTICO


Ai da avezinha, que a tormenta um dia
Desgrarrara da sombra de seus bosques,
Arrojando-a em desertos desabridos
De brônzeo céu, de férvidas areias;
Adeja, voa, paira.... nem um ramo
Nem uma sombra encontra onde repouse,
E voa, e voa ainda, ate que o alento
De todo lhe falece - colhe as asas,
Cai na areia de fogo, arqueja, e morre....
Tal é, minh'alma, o fado teu na terra;
O tufão da descrença desvairou-te
Por desertos sem fim, onde em vão buscas
Um abrigo onde pouses, uma fonte
Onde apagues a sede que te abrasa!
................................................................
Ó mortal, por que assim teus olhos cravas
Na abóbada do céu? - Queres ver nela
Decifrado o mistério inescrutável
Do teu ser, e dos seres que te cercam?
Em vão seu pensamento audaz procura
Arrancar-se das trevas que o circundam,
E no ardido vôo abalançar-se
Às regiões da luz e da verdade;
Baldado afã! - no espaço ei-lo perdido,
Como astro desgarrado de sua órbita,
Errando às tontas na amplidão dos vácuo!
Jamais pretendas estender teus vôos
Além do escasso e pálido horizonte
Que mão fatal em torno te há traçado....
Com barreira de ferro o espaço e o tempo
Em acanhado círculo fecharam
Tua pobre razão: - em vão forcejas
Por transpor essa meta inexorável;
Os teus domínios entre a terra e os astros,
Entre o túmulo e o berço estão prescritos:
Além, que enxergas tu? - o vácuo e o nada!...

Oh! feliz quadra aquela, em que eu dormia
Embalado em meu sono descuidoso
No tranqüilo regaço da ignorância;
Em que minh'alma, como fonte límpida
Dos ventos resguardada em quieto abrigo,
Da fé os raios puros refletia!
Mas num dia fatal encosto à boca
A taça da ciência - senti sede
Inextinguível a crestar-me os lábios;
Traguei-a toda inteira -, mas encontro
Por fim travor de fel - era veneno,
Que no fundo continha -, era incerteza!
Oh! desde então o espírito da dúvida,
Como abutre sinistro, de contínuo
Me paira sobre o espírito, e lhe entorna
Das turvas asas a funérea sombra!
De eterna maldição era bem digno
Quem primeiro tocou com mão sacrílega
Da ciência na árvore vedada
E nos legou seus venenosos frutos...

Se o verbo criador pairando um dia
Sobre a face do abismo, a um só aceno
Evocava do nada a natureza,
E do seio do caos surgir fazia
A harmonia, a beleza, a luz, a ordem,
Por que deixou o espírito do homem
Sepulto ainda em tão profundas trevas,
A debater-se neste caos sombrio,
Onde embriões informes tumultuam,
Inda aguardando a voz que à luz os chame?

Quando, espancando as sombras sonolentas,
Surge a aurora no coche radiante,
Inundado de luz o firmamento,
Entre o rumor dos vivos que despertam,
Levanto a minha voz, e ao sol, que surge,
Pergunto: - Onde está Deus? - ante meus olhos
A noite os véus diáfonos desdobra,
Vertendo sobre a terra almo silêncio,
Propício ao cismador - então minha alma
Desprende o vôo nos etéreos páramos,
Além dos sóis, dos mundos, dos cometas,
Varando afouta a profundez do espaço,
Anelando entrever na imensidade
A eterna fonte, donde a luz emana...
Ó pálidos fanais, trêmulos círios,
Que nas esferas guiais da noite o carro,
Planetas, que em cadências harmoniosa
No éter cristalino ides boiando,
Dizei-me - onde está Deus? - sabeis se existe
Um ente, cuja mão eterna e sábia
Vos esparziu pela extensão do vácuo,
Ou do seio do caos desabrochastes
Por insondável lei do cego acaso?
Conheceis esse rei, que rege e guia
No espaço infindo vosso errante curso?
Eia, dizei-me, em que regiões ignotas
Se eleva o trono seu inacessível?

Mas em vão interrogo os céus e os astros,
Em vão do espaço a imensidão percorro
Do pensamento as asas fatigando!
Em vão - todo o universo imóvel, mudo,
Sorrir parece de meu vão desejo!
Dúvida - eis a palavra que eu encontro
Escrita em toda a parte - ela na terra,
E no livro dos céus vejo gravada,
É ela que a harmonia das esferas
Entoa sem cessar a meus ouvidos!

Vinde, ó sábios, lâmpadas brilhantes,
Que ardestes sobre as aras da ciência,
Agora desdobrai ante meus olhos
Essas páginas, onde meditando
Em profundo cismar cair deixastes
De vosso gênio as vívidas centelhas:
Dai-me o fio subtil, que me conduza
Pelo vosso intricado labirinto:
Rasgai-me a venda, que me enubla os olhos,
Guiai meus passos, que embrenhar-me quero
Do raciocínio das regiões sombrias,
E surpreender no seio de atrás nuvens
O escondido segredo...

Oh! louco intento!...
Em mil vigílias palejou-me a fronte,
E amorteceu-se o lume de seus olhos
A sondar esse abismo tenebroso,
Vasto e profundo, em que as mil hipóteses,
Os erros mil, os engenhosos sonhos,
Os confusos sistemas se debatem,
Se confundem, se roçam, se abalroam,
Em um caos sem fim turbilhonando:
Atento a lhe escrutar o seio lôbrego
Em vão cansei-me; nesse afã penoso
Uma negra vertigem pouco e pouco
Me enubla a mente, e a deixa desvairada
No escuro abismo flutuando incerta!
................................................................
Filosofia, dom mesquinho e frágil,
Farol enganador de escasso lume,
Tu só geras um pálido crepúsculo,
Onde giram fantasmas nebulosos,
Dúbias visões, que o espírito desvairam
Num caos de intermináveis conjeturas.
Despedaça essas páginas inúteis,
Triste apanágio da fraqueza humana,
Em vez de luz, amontoando sombras
No santuário augusto da verdade.
Um palavra só talvez bastara
Pra saciar de luz meu pensamento;
Essa ninguém a sabe sobre a terra!...

Só tu, meu Deus, só tu dissipar podes
A, que os olhos me cerca, escura treva!
Ó tu, que és pai de amor e de piedade,
Que não negas o orvalho à flor do campo,
Nem o tênue sustento ao vil inseto,
Que de infinda bondade almos tesouros
Com profusão derramas pela terra,
Ó meu Deus, por que negas à minha alma
A luz que é seu alento, e seu conforto?
Por que exilaste a tua criatura
Longe do sólo teu, cá neste vale
De eterna escuridão? - Acaso o homem,
Que é pura emanação da essência tua,
É que se diz criado à tua imagem,
De adorar-te em ti mesmo não é digno,
De contemplar, gozar tua presença,
De tua glória no esplendor perene?
Oh! meu Deus, por que cinges o teu trono
Da impenetrável sombra do mistério?
Quando da esfera os eixos abalando
Passa no céu entre abrasadas nuvens
Da tempestade o carro fragoroso,
Senhor, é tua cólera tremenda
Que brada no trovão, e chove em raios?
E o íris, essa faixa cambiante,
Que cinge o manto azul do firmamento,
Como um laço que prende aos céus a terra,
É de tua clemência anúncio meigo?
É tua imensa glória que resplende
No disco flamejante, que derrama
Luz e calor por toda a natureza?
Dize, ó Senhor, por que a mão ocultas,
Que a flux esparge tantas maravilhas?
Dize, ó Senhor, que para mim não mudas
As páginas do livro do universo!...
Mas, ai! que o invoco em vão! ele se esconde
Nos abismos de sua eternidade.
...............................................................
Um eco só da profundez do vácuo
Pavoroso retumba, e diz - dúvida!....

Virá a morte com as mãos geladas
Quebrar um dia esse terrível selo,
Que a meus olhos esconde tanto arcanos?
...............................................................
Ó campa! - atra barreira inexorável
Entre a vida e a morte levantada!
Ó campa, que mistérios insondáveis
Em teu escuro seio muda encerras?
És tu acaso o pórtico do Elísio,
Que nos franqueias as regiões sublimes
Que a luz da verdade eterna brilha?
Ou és do nada a fauce tenebrosa,
Onde a morte pra sempre nos arroja
Em um sono sem fim adormecidos!
Oh! quem pudera levantar afouto
Um canto ao menos desse véu tremendo
Que encobre a eternidade...

Mas debalde
Interrogo o sepulcro - e o debruçado
Sobre a voragem tétrica e profunda,
Onde as extintas gerações baqueiam,
Inclino o ouvido, a ver se um eco ao menos
Das margens do infinito me responde!
Mas o silêncio que nas campas reina,
É como o nada - fúnebre e profundo...
...............................................................
Se ao menos eu soubesse que co'a vida
Terminariam tantas incertezas,
Embora os olhos meus além da campa,
Em vez de abrir-se para a luz perene,
Fossem na eterna escuridão do nada
Para sempre apagar-se... - mas quem sabe?
Quem sabe se depois desta existência
Renascerei - pra duvidar ainda?!...

Andreia Ribeiro disse...

ola,
depois de ler o texto concordo com o que la refere, pois ser ateu nao é nenhuma doença ou algo que tenha de ser visto como uma coisa do "outro mundo".
como diz a isabel rebelo num dos seus comentários: "Deixamos nós de gostar de uma pessoa por ela não partilhar as mesmas preferências alimentares, musicais, poéticas, desportivas ou outras?!"
um ateu acredita naquilo que acha mais correcto, mesmo não tendo nada a ver com uma religiao especifica...
penso que nao deveria existir qualquer tipo de preconceito sobre esta prática...

Carina Rodrigues disse...

Olá Isabel,

Em relação às más interpretações não foi de todo minha intenção, aliás não creio ter interpretado mal seja o que for, simplesmente respondi dando a minha opinião.
Em relação ao querer afirmar que não tenho qualquer tipo de preconceito em relação aos crentes e não crentes, apenas pretendi mencionar isso, para o facto de efectivamente causar qualquer tipo de más interpretações.

Achei interessante colocar este poema:

Um novo olhar


"A brisa que te trouxe...
A mesma que nos envolveu...
Junto à lua e as estrelas,
Foi testemunha do maior amor que aconteceu...

Diante do céu, me prometeu o paraíso...
Nem era preciso...
Eu tinha você
E esse era meu maior prazer...

Mas a brisa transformou-se em ventania
Levou você e toda minha alegria
Como um náufrago, à deriva das dores da vida,
Assim fiquei....

Me abandonei
Afundava em mágoas, dores e recordação...
Mas Deus me pegou pela mão
Me fez reviver....

Hoje, contemplando o fim da tempestade,
Já não recolho os destroços como antes.
Levanto minha cabeça e sigo em frente...
Se tenho que tirar uma lição, fica esta:

O vento só leva, quem se deixa levar...."(Rose Felliciano)

Carina Rodrigues
1º Ano Psicolgia

Joaninha disse...

Joana Maia CID

Ser ateu é uma filosofia de vida, a qual junta pessoas que não acreditam Nele, por uma questão de fé ou preconceito.
Acho que estas pessoas que não são crentes tentam demonstrar aos crentes porque não acretitam Nele.
Acho que Dawkins pretende demonstrar, neste livro, a sua perspectiva enquanto ateu pretendendo, ao mesmo tempo, que os crentes "acreditem" nas palavras poferidas por este autor.

Psicologia Faculdade Filosofia Braga disse...

Caros colegas,
gostaria de me referir à atitude arrogante de Dawkins. Para este autor ser crente é sinónimo de ignorância e de doença, já que, ao contrário dos crentes, os ateus apresentam mente sã e espírito livre. Penso que este autor ficou atrasado no tempo. Pois discursa como os Iluministas do renascimento e modernismo. Se ser ateu é ser assim , arrogante, então não vejo como os ateus se possam orgulhar de o serem.
Quanto à polémica levantada pela Isabel e pela Carina, penso que a dúvida é já sinal de fé, ou pelo menos de desejo de acreditar. Pois quem duvida, interessa-se, não é indiferente. Outra coisa é permanecer sempre na dúvida, o que gera grande sofrimento e angústia, como vimos no poema que a Isabel escolheu. Contudo, não se pense que quem tem fé não sofra e não duvide igualmente. Talvez a diferença entre ambos, é que um decidiu acreditar para lá de todas as suas dúvidas e incompreensões, e o outro decidiu abandonar-se à sua dúvida e não à sua capacidade de crer para além das suas dúvidas e perplexidades.Quem está certo? Quem ousa mais? Afinal, quem demonstra mais espírito livre? O que fica acorrentado na dúvida ou aquele que decide acreditar, apesar das dúvidas?

Ana Margarida
1ºano de Psicologia
Pós-laboral

Ângela Silva disse...

Nos dias de hoje, no meu ponto de vista sao poucos os k "pedem desculpa" por serem ateus,acredito que numa familia mais tradicionalista seja mais complicado de o asssumir, mas acho, que ja la vai o tempo em que desde cedo se tinha deveres religiosos a cumprire e quem não os cumpria podia ter o rotolo de ovelha negra da familia, mas hoje em dia somos livres de seguir os caminhos em
que acreditamos.Pedir desculpa começa a deixar de fazer sentido...


Ângela Silva
E.A.C.

Sarah Carvalho disse...

Boa tarde,
Acho que não se tem que pedir desculpa por ser Abreu, pois cada um é o que é e no que acredita.
Uma pessoa tem de seguir o seu caminho, o que acha correcto. E não se pode descrminar ninguém pelo que é, mas aceita-la e dar apoio.

Sarah Carvalho disse...

*gostaria de retificar a gralha que cometi no meu comentário, onde coloquei "abreu" deveria ser "Ateu".

Filomena disse...

Boa noite,
Hoje, o ateu não é mais aquele que não crê,mas aquele que não encontra relevância para deus na sua rotina.O novo ateismo não precisa de negar a fé.
Será que ao dizerem-se ateus, não querem dizer que são deístas?
Por vezes essas pessoas acreditam em algo superior (Deus). mas não aceitam na religião , certos dogmas e revelações.
Como é do nosso conhecimento o deísta é um "primo" do agnóstico que aceita Deus .
Penso que tudo isto é uma Filosofia religiosa que deriva da existência e da natureza de Deus, da razão e da experiencia pessoal.
toda a ciência é quântica e aponta para a "consciência" universal.
Tudo é uma questão de Fé.

Para podermos meditar um pouco deixo-vos este poema de Alberto Caeiro.


Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,

Por isso se nos não mostrou...

Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...

Filomena Vieira
1ºano Psicologia
Pós-Laboral

12 de Março 2008

jacqueline disse...

Bom dia,
Para mim ser Ateu é como ser crente, cristão ou judeu. Acho que nós devemos assumir aquilo que somos e como somos e cada um tem que respeitar a si mesmo para poder ser respeitado.E não devemos ter medo de enfrentar a nossa própria vida. Devemos lutar contra tudo e contra todos para que nos sintamos bem.
E sou cristã e tenho muito orgulho de mim mesma, onde quer que eu esteja serei sempre cristã;sou capaz de enfrentar tudo. E os ateus também deveriam fazer o mesmo, e não deviam ter medo de enfrentar aquilo que vem pela frente porque são ateus. Cada um deve aceitar-se a si próprio para poder aceitar os outros.

Jacqueline
CID - Pós-laboral

Rui Carneiro disse...

Olá Dr. Alfredo e colegas,


Há vários tipos de ateus, uns crêem em Deus porque procuram respostas para os grandes dilemas da humanidade como a violência, a miséria, o sofrimento, mas não as encontram. Pois não conseguem relacionar um Deus cheio de amor com o sofrimento humano, outros não crêem porque não encontram uma razão lógica e racional que ajude e explique os mistérios da fé, por exemplo de como se criou o mundo, o dilúvio, o nascimento virginal, a ressurreição, o céu, o inferno. Assim, perante tantos temas tão complexos que requerem fé num Deus pessoal, Criador e Redentor, muitos não conseguem nem querem tentar crer naquilo que lhes parece racionalmente absurdo.


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/ Pós- laboral

Mª Laura Silva disse...

Saúde e paz para todos
Não concordo com nada deste texto, porque à partida nem a palavra orgulho se adequa à situação, nem os cristãos depreciam os ateus pelo facto de o serem. Se alguns ateus não ousam admitir que o são "perante si próprios e familiares", é porque não têm valores morais, não têm uma independência de espírito saudável, não têm orgulho em serem ateus e não têm uma mente sã.
Ter fé sai de dentro,não tem explicação,é preciso manter a chama acesa e dá muito trabalho...
Mas é muito saudável! É um acordar para a vida do dia a dia com entusiasmo, é não nos deixar-mos abater pelos problemas, pois temos que enfrentá-los, é sentir que não trabalhamos em vão na certza de contribuirmos para um mundo melhor. Isto dá trabalho, mas faz-nos andar de cabeça erguida. É um desafio que vem de longe o viv ermos em paz com o ecossistema e o conhecermo-nos a nós próprios.
M. Laura CID

ceumaciel disse...

Senhor professor,

Caros colegas,

A crença na negação

Estas considerações fazem-me lembrar a história de Saulo de Tarso que conhecemos como o Apóstolo S. Paulo e de como, primeiro se tornou perseguidor dos que seguiam a nova fé proclamada por JESUS e depois se tornou o elo que faltava na “construção” do Catolicismo. E porquê esta comparação? Porque S. Paulo descobriu o sentido da fé e da crença como o poeta nos descreve a acção: “O caminho faz-se caminhando”
Richard Dawkins esqueceu-se de dizer que a fé e a crença são inamovíveis do pensamento humano, ainda que a afirmação do orgulho humano transpareça socialmente uma prática ateísta. Não existe neste capítulo a ausência. A fé e a crença desenvolvem-se, sim, de formas distintas, interpretam-se e assumem características que as diferenciam no espaço e no tempo. Quem se considera “independente “ espiritualmente falando é o mais crente de todos: crê na negação. A Antropologia ajuda-nos a compreender que a aculturação humana se deu ao longo dos tempos pela procura incessante de respostas baseado num único apoio: a existência superior da criação.
Permitam-me que termine com duas citações:
”Para aqueles que crêem, nenhuma explicação é necessária; e para aqueles que não crêem, nenhuma explicação é possível”. Santo Inácio de Loyola.
“Acreditar significa confiar totalmente em Alguém e encontrar nessa confiança fonte de uma firmeza que dá segurança à existência.", D. José Policarpo, Cardeal-patriarca de Lisboa.
Maria do Céu Oliveira
Aluna do 1º ano de Psicologia – Pós-laboral

Natália Macedo disse...

Para mim é muito difícil fazer qualquer comentário acerca, do que é ser “ateu”. Tudo bem, não acredita em Deus, mas todos nós para conseguirmos viver temos que acreditar em algo. Afinal no que é que acreditam os ateus. Penso que dizer-se que se é ateu é tomar uma posição extrema tal como os fanáticos pela religião, que vivem em função desta, o ateu vive nas suas convicções, pensando ele que pelo facto de ser ateu lhe dá uma maior liberdade e este factor contribui para uma vida feliz em sociedade. E agora pergunto eu, mas que sociedade? Pois para mim o homem é um “todo” e a religião também faz parte do homem, tal como o autor refere no seu livro. Fala-nos também que a religião é a raiz de todos os males. Todos não diria mas a verdade é que a religião é a raiz de muitos males. Mas agora eu pergunto, como é que, o ser humano se consegue retirar da religião, fazendo, esta parte dele.
Há um episodio no seu livro “A Desilusão de Deus”, que nos fala na posição que o autor assume de incompatibilidade entre as crenças religiosas e a ciência, mas no entanto menciona no mesmo posições de alguns cientistas religiosos.
Este autor tenta provar que (Deus não existe e as religiões são perniciosas e causadoras da maior parte dos males do mundo. Pensa que a maior parte dos cientistas também são ateus como ele. Tenta convencer-nos que a maior parte dos argumentos filosóficos e religiosos a favor da existência de Deus são de extrema debilidade. É um Darwinista convicto, que vê na selecção natural a chave da explicação da evolução, acabando com a ilusão de um Deus pessoal criador e de um “desígnio inteligente”). Faço uma pequena análise critica ao autor, nos pequenos excertos que li no seu livro, ele tenta convencer os leitores do que é ser-se um “ateu”, mas ele próprio tem consciência que está a tomar uma atitude extrema, “a ateísmo tem tanto de dogmático como de crença religiosa” (pag.14). Continuo a pensar que temos que ver a religião como algo que faz parte do nosso crescimento e da nossa vida. É como diz o ditado popular: No meio é que está a virtude, temos que analisar as nossas posições com moderação.
Boa Páscoa!
Natália Macedo
1ºAno Psicologia Pós-laboral

Dina disse...

Após a leitura do texto "Ser ateu" começo por dizer que não compreendo a necessidade de Dawkins dizer que não tem que pedir desculpa por ser ateu e que ser ateu deve ser motivo de orgulho. Ninguém pede a um ateu que peça desculpa por ser ateu, assim como não se pede a um crente que peça desculpa por ser crente.Considero ainda que independentemente da sua convicção é muito arrogante ao dizer que ser ateu é sinal de espírito saudável e de uma mente sã. Eu sou crente e não considero ter uma mente "doente". Penso que não podemos separar o mundo em crentes e não crentes, ou cada um julgar que é o dono da verdade. Leopoldina EAC

Anónimo disse...

Boa tarde Dr. Alfredo Dinis e colegas,



Espero que tenham tido uma boa Páscoa com muita fé.


Como cristã que sou acredito na promessa de vida eterna, em que acreditarão os ateus?

Claro que mesmo para um crente, o facto de pensarmos na morte, torna a realidade dura, mas sabemos que estará sempre alguém do nosso lado para nos ajudar na travessia.

Penso que na sua maioria os ateus de hoje já foram cristãos um dia, nem que fosse apenas por uma questão cultural, mas ao não encontrarem respostas para alguns dilemas da humanidade, como a fome, guerra, pobreza e mais recentemente, a pedofilia, preferiram acreditar que afinal Deus não existe.

Hoje acredito e vivo uma religião mais sã, sem seguir tradições e imposições sociais ou familiares. Acredito que Deus existe mas está nas minhas mãos fazer o bem ou o mal.

Eu não menosprezo os ateus, aceito a sua não crença, desde que não os leve a cometer acções menos dignas. Sigo o meu coração, que me leva acreditar e viver com Deus.




Marina Pereira
Psicologia 1º ano/ Pós-laboral

Anónimo disse...

Partilho este poema convosco.




Falas de civilização...

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

Alberto Caeiro



Marina Pereira
Psicologia 1º ano/Pós-laboral

Rui Carneiro disse...

Marina, adorei a tua partricipação e gostei muito do teu poema.
Deixo este poema para cantarmos juntos.



Cantar



Tão longo caminho

E todas as portas

Tão longo o caminho

Sua sombra errante

Sob o sol a pino

A água de exílio

Por estradas brancas

Quanto Passo andado

País ocupado

Num quarto fechado



As portas se fecham

Fecham-se janelas

Os gestos se escondem

Ninguém lhe responde

Solidão vindima

E não querem vê-lo

Encontra silêncio

Que em sombra tornados

Naquela cidade



Quanto passo andado

Encontrou fechadas

Como vai sozinho

Desenha as paredes

Sob as luas verdes

É brilhante e fria

Ou por negras ruas

Por amor da terra

Onde o medo impera



Os olhos se fecham

As bocas se calam

Quando ele pergunta

Só insultos colhe

O rosto lhe viram

Seu longo combate

Silêncio daqueles

Em monstros se tornam

Tão poucos os homens



Sophia de Mello Breyner Andresen


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1ºAno/ Pós-laboral

Rio D´Alma disse...

"Todas as formas de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade”, disse José Policarpo na homilia do Natal.” [Público 27 dezembro 2007]

Ou ainda: http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1223084&idCanal=90

Qualquer dia começam a dizer que é mais grave matar um mosquito que um ateu.
Temos que ter calma! Devemos respeitar todos os credos e religiões, crenças e não crenças, assim como é defendido à luz da Declaração Universal dos Direitos do Homem, e não entrar em radicalismos do tipo “eu sou crente, logo sou melhor” ou “eu sou ateu logo sou mais lógico”.
Não.
Cada um tem a sua experiência subjectiva sobre várias questões que se prendem à vida como a Religião e deve ser respeitado por tal, sem represálias nem preconceitos, para não cairmos em fundamentalismos.
Esse sim, um dos maiores dramas que por incrivel que pareça sempre esteve presente na historia da Humanidade!

Isabel Rebelo disse...

Concordo com o comentario da colega Raquel quando afirma que não deveremos cair em fundamentalismos e sim respeitarmos todas as crenças e não crenças.

De seguida transcrevo uma mensagem de Paz do Papa João Paulo II, de 1988,que foca a liberdade religiosa como condição para a convivência pacífica entre os povos.


MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
JOÃO PAULO II
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ



1° DE JANEIRO DE 1988



LIBERDADE RELIGIOSA
CONDIÇÃO PARA A CONVIVÊNCIA PACÍFICA



"No primeiro dia do Ano, é para mim grato manter a fidelidade a um encontro marcado, que já sucede há vinte anos, com os Responsáveis das Nações e dos Organismos internacionais e com todos os irmãos e irmãs do mundo que têm a peito a causa da paz. Com efeito, estou profundamente convencido de que o facto de reflectirmos juntos sobre o valor inestimável da paz já significa, de alguma maneira, começar a construí-la.

O tema que neste ano quereria propor à atenção comum - Liberdade religiosa condição para a convivência pacífica - deriva de uma tríplice consideração.

Primeiro que tudo, a liberdade religiosa, exigência insuprimível da dignidade de todos e cada um dos homens, constitui uma pedra angular do edifício dos direitos humanos; e, portanto, é um factor insubstituível do bem das pessoas e de toda a sociedade, assim como da realização pessoal de cada um. Disto resulta, consequentemente, que a liberdade das pessoas consideradas individualmente e das comunidades professarem e praticarem a própria religião é um elemento essencial da convivência pacífica dos homens. A paz, que se constrói e se consolida em todos os níveis da convivência humana, lança as próprias raízes na liberdade e na abertura das consciências para a verdade.

São prejudiciais, além disso, e de maneira gravíssima, para a causa da paz, todas as formas - manifestas ou ocultas - de violação da liberdade religiosa, do mesmo modo que as violações que incìdem sobre os outros direitos fundamentais da pessoa. Passados quarenta anos após a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que será comemorada no próximo mês de Dezembro de 1988, temos de verificar que há ainda milhões de pessoas, em várias partes do mundo, que sofrem por motivo das suas convicções religiosas, vítimas de legislações repressivas ou opressivas, algumas vezes de perseguições declaradas e, mais frequentemente, de uma subtil prática da discriminação dos que acreditam em Deus e das suas comunïdades. Semelhante estado de coisas, de per si intolerável, constitui também uma hipoteca negativa pelo que se refere à paz.

Quereria recordar, por fim, e tomar aqui em conta a valiosa experiência do Encontro de Oração realizado em Assis, a 27 de Outubro de 1986. Esse grande encontro de irmãos, associados na comum invocação da paz, foi um sinal para o mundo. Sem confusões nem sincretismos, os representantes das principais Comunidades religiosas espalhadas sobre a terra quiseram exprimir conjuntamente a convicção de que a paz é um dom do Alto e demonstrar um empenho operoso para o implorar e acolher e para o fazer frutificar, mediante escolhas concretas de vias de respeito, de solidariedade e de fraternidade.

1. Dignidade e liberdade da pessoa humana

A paz não é somente a ausência de contrastes e de guerras, mas é « fruto da ordem ìnscrita na sociedade humana pelo seu Divino Fundador » (Const. Gaudium et Spes, 78). A paz é obra da justiça; e, por isso, exige o respeito dos direitos e o cumprimento dos deveres próprios de cada um dos homens. Existe uma ligação intrínseca entre as exigências da justiça e da verdade e as da paz (cf. Enc. Pacem in Terris, p. I e III).

Segundo esta ordem querida pelo Criador, a sociedade é chamada a organizar-se e a desempenhar-se das suas tarefas ao serviço do homem e do bem comum. As linhas directrizes desta ordem são perscrutáveis pela razão e reconhecíveis na experiência histórica; e o desenvolvimento atingido pelas ciências sociais em nossos dias enriqueceu a consciência que a humanidade tem disto mesmo, a despeito de todas as distorções ideológicas e dos conflitos que algumas vezes parecem ofuscá-la.

É por isto que a Igreja Católica, ao mesmo tempo que deseja cumprir com fidelidade a sua missão de anunciar a salvação que vem só de Cristo (cf. Act 4, 12), se dirige a todos e a cada um dos homens, sem distinção, e os convida a reconhecerem as leis da ordem natural que regem a convivência e determinam as condições da paz.

O fundamento e o fim da ordem social é a pessoa humana, enquanto é sujeito de direitos inalienáveis, que ela não recebe do exterior, mas que brotam da sua própria natureza: nada e ninguém podem destruí-los; e não há constrição alguma externa que possa aniquilá-los, 'porque eles têm a sua raiz no que há de mais profundamente humano. Analogamente, a pessoa não é algo que se vá exaurindo nos condicionamentos sociais, culturais e históricos, porque é próprio do homem, que tem uma alma espiritual, tender para um fim que transcende as condições mutáveis da sua existência. Nenhum poder humano pode opôr-se à realização do homem como pessoa.

Do primeiro e fundamental princípio da ordem social, que é a finalização da sociedade na pessoa humana, deriva a exigência de todas as sociedades estarem organizadas de tal maneira que permitam ao homem, ou melhor, o ajudem a realizar a sua vocação em plena liberdade.

A liberdade é a prerrogativa mais nobre do homem. Até mesmo nas suas escolhas mais íntimas, todas e cada uma das pessoas hão-de poder exprimir-se a si mesmas, com um acto de determinação cônscia, inspirado pela própria consciência. Sem liberdade, os actos humanos ficam esvaziados e desprovidos de valor.

A liberdade de que o homem foi dotado pelo Criador é a capacidade que lhe é dada permanentemente para buscar o que é verdadeiro com a inteligência e de aderir com o coração ao bem pelo qual ele aspira naturalmente, sem estar submetido a pressões, constrições e violências de espécie alguma. Faz parte da dignidade da pessoa a possibilidade de corresponder ao imperativo moral da própria consciência na procura da verdade. E a verdade - como teve ocasião de frisar o Concílio Ecuménico Vaticano II - precisamente « porque há-de ser procurada de modo apropriado à dignidade da pessoa humana e da sua natureza social » (Decl. Dignitatis Humanae, 3 ), « não se impõe de outro modo senão pela força da mesma verdade » (ibid. 1 ).

A liberdade do homem na busca da verdade e em algo que com ela anda ligado, que é a profissão das próprias convicções religiosas; para ser mantida imune de qualquer coerção de pessoas individuais e de grupos sociais e de todo o poder humana, seja ele qual for, deve ter uma garantia bem precisa na ordenação jurídica da sociedade, ou seja, há-de ser reconhecida e sancionada pela lei civil como direito pessoal e inalienável (cf. ibid. 2).

É óbvio que a liberdade de consciência e de religião não quer dizer uma relativização da verdade objectiva, que todo o ser humano, por dever moral, está obrigado a procurar. Na sociedade organizada, ela é somente a tradução institucional - daquela ordem com que Deus dispôs que as suas criaturas possam conhecer, acolher e corresponder, como pessoas livres e responsáveis, à sua proposta eterna de aliança.

O direito civil e social a liberdade religiosa, enquanto atinge a esfera mais íntima do espírito, revela-se ponto de referência e, de certo modo, torna-se a medida dos outros direitos fundamentais. Trata-se, efectivamente, de respeitar o espaço mais cioso da autonomia da pessoa, permitindo-lhe agir segundo o ditame da sua consciência, quer nas escolhas privadas quer na vida social. O Estado não pode reivindicar uma competência, directa ou indirecta, quanto às convicções religiosas das pessoas. Ele não pode arrogar-se o direito de impor ou de impedir a profissão e a prática em público da religião de uma pessoa ou de uma comunidade. Neste domínio, é dever das Autoridades civis garantir que os direitos das pessoas singulares e das comunidades sejam igualmente respeitados e salvaguardar, ao mesmo tempo, a justa ordem pública.

Mesmo no caso de um Estado atribuir uma especial posição jurídica a uma religião; é obrigatório que seja legalmente reconhecido e efectivamente respeitado o direito de liberdade de consciência de todos os cidadãos, assim como dos estrangeiros que aí residam; ainda que seja só temporariamente, por motivos de trabalho ou por outras razões.

Em caso nenhum a organização estatal pode substituir-se à consciência dos cidadãos, nem subtrair espaços vitais ou assumir o lugar das associações religiosas. A recta ordem social exige que todos - singularmente ou comunitariamente - possam professar a própria convicção religiosa, com respeito pelos outros.

No dia 1° de Setembro de 1980, dirigindo-me aos Chefes de Estado signatários do Acto Final de Helsínquia, quis sublinhar - entre outras coisas - que a liberdade religiosa autêntica, requer que sejam garantidos também os direitos que derivam da dimensão social e pública da profissão da fé e da pertença a uma comunidade religiosa organizada.

A este propósito, falando na Assembleia Geral das Nações Unidas, exprimia a convicção de que « o próprio respeìto da dignidade da pessoa humana parece exigir que, quando for discutido ou estabelecido, em vista de leis nacionais ou convenções internacionais, o justo modo do exercício da liberdade religiosa; sejam abrangidas também as instituições que, pela sua natureza, servem a vida religiosa » (Insegnamenti, 1979, II, 2, 538).

2. Um património comum

Deve reconhecer-se que os princípios a que acabamos de fazer referência, hoje em dia são património comum da maior parte das ordenações civis, bem como da organização da sociedade internacional, a qual formulou apropriados documentos normativos. Eles já fazem parte da cultura do nosso tempo, como demonstra o debate cada vez mais esmerado e aprofundado sobre todos os aspectos concretos da liberdade religiosa, que, especialmente nos últimos anos, tem vindo a maturar em reuniões e congressos de estudiosos e peritos. Apesar disso, verifica-se frequentemente que o direito à liberdade religiosa não é correctamente entendido nem suficientemente respeitado.

Existem, primeiro que tudo, formas de intolerância espontâneas, mais ou menos ocasionais, fruto algumas vezes de ignorância e de presunção, que ofendem pessoas e comunidades, provocando polémicas; atritos e contraposições, com prejuízo da paz e de um empenhamento solidário em prol do bem comum.

Em vários Países, há normas legais e praxes administrativas que limitam ou anulam praticamente, com os factos, os direitos que as Constituições reconhecem formalmente a cada um daqueles que acreditam e aos grupos religiosos.

Por fim, acontece que há ainda hoje legislações e regulamentos que não admitem o fundamental direito à liberdade religiosa, ou que para o mesmo prevêem limitações absolutamente imotivadas, para não falar já dos casos de verdadeiras disposições de carácter discriminatório e, algumas vezes, abertamente persecutório.

Têm surgido, sobretudo nos últimos anos, várias Organizações públicas e privadas, nacionais e internacionais; para a defesa daqueles que, em muitas partes do mundo, são vítimas - por motivo das suas convicções religiosas - de situações ilegítimas e humilhantes para a humanidade inteira. Perante a opinião pública, essas Organizações, meritoriamente, fazem-se eco da queixa e do protesto de irmãos e irmãs deixados muitas vezes sem voz.

A Igreja Católica, da sua parte, não cessa de demonstrar a própria solidariedade a quantos sofrem discriminações e perseguições por causa da fé, actuando com aplicação constante e com tenacidade paciente para que semelhantes situações sejam superadas. Para este fim, a Santa Sé procura dar a sua contribuição específica nas reuniões internacionais, em que são debatidas a salvaguarda dos direitos humanos e da paz. Neste mesmo sentido se coloca aquela actividade, necessariamente mais discreta, mas não menos solícita, desenvolvida pela Sé Apostólica e pelos seus Representantes, nos contactos com as Autoridades políticas de todo o mundo.

3. A liberdade religiosa e a paz

A ninguém pode passar despercebido que a dimensão religiosa, radicada na consciência do homem, tem uma incidência específica sobre o tema da paz; e, ainda, que todas as tentativas para impedir ou coarctar a sua expressão livre se repercutem inevitavelmente, com graves comprometimentos, na possibilidade de o homem viver serenamente com os seus semelhantes.

Aqui, impõe-se uma primeira consideração. Como tive ocasião de escrever na já recordada Carta aos Chefes de Estado signatários do Acto Final de Helsínquia; a liberdade religiosa, na medida em que atinge à esfera mais íntima do espírito, sustém e é como que a razão de ser das outras Liberdades. E a profissão da religião, se bem que consista primeiro que tudo em actos interiores do espírito, implica a inteira experiência da vida humana e, por conseguinte, todas as suas manifestações.

A liberdade religiosa, além do mais, contribui de maneira determinante para a formação de cidadãos autenticamente livres, na medida em que - 'facultando a busca e a adesão à verdade sobre o homem e sobre o mundo - favorece em cada pessoa uma consciência plena da própria dignidade e uma assunção das próprias responsabilidades mais motivada. Uma relação honesta com a verdade é condição essencial para uma liberdade autêntica (cf. Redemptor Hominis, 12).

Neste sentido, pode dizer-se que a liberdade religiosa é um factor de grande importância para fortalecer a coesão moral de um Povo. A sociedade civil pode contar com os que acreditam em Deus; estes, pelas suas convicções profundas, não só não se deixarão faciImente enredar por ideologias ou correntes totalizantes, mas esforçar-se-ão por agir em coerência com as próprias aspirações em relação a tudo o que é verdadeiro e justo, condição iniludível para a consecução da paz (cf. Decl. Dignitatis Humanae, 8).

E há algo mais. A fé religiosa, fazendo com que o homem compreenda de maneira nova a própria humanidade, leva-o a encontrar-se plenamente, através do dom sincero de si mesmo, ao lado dos outros homens (cf. Enc. Dominum et Vivificantem, 59). Ela aproxima e une os homens, irmana-os e torna-os mais atentos, mais responsáveis e mais generosos na dedicação ao bem comum. E não se trata apenas de eles se sentirem com melhores disposições para colaborar com - os demais, por terem assegurados e protegidos os próprios direitos, mas - sim de haurirem também nas fontes inesgotáveis da consciência recta motivações superiores para o empenhamento na construção duma sociedade mais justa e mais humana.

No seio de cada Estado - ou, a dizer melhor, no seio de cada Povo - esta exigência de corresponsabilidade solidária nos dias de hoje é particularmente sentida. Mas, como já se perguntava alguma vez o meu Predecessor Paulo VI, « poderá talvez um Estado solicitar com fruto uma plena confiança e colaboração, quando - por uma espécie de confessionalismo negativo - ele se proclama ateu e, ao mesmo tempo que declara respeitar, dentro de determinado contexto, as crenças individuais, toma posições contrárias à fé de uma parte dos cidadãos (Alocução ao Corpo Diplomático, 14 de Janeiro de 1978, Insegnamenti di Paolo VI, XVI, 1978, p. 19)? Dever-se-ia, ao contrário, procurar fazer com que o « confronto entre a concepção religiosa do mundo e a concepção agnóstica ou ateísta, que é um dos "sinais dos tempos" na nossa época », mantenha « leais e respeitosas dimensões humanas, sem violar os direitos essenciais da consciência de ninguém, seja homem ou mulher, que viva na face da terra » (cf. Insegnamenti, 1979, II, 2, 538 ) .

Apesar das persistentes situações de guerra e de injustiça, assistimos hoje a um movimento no sentido de uma progressiva união dos Povos e das Nações, em diversos níveis: políticos, económicos, culturais, etc. A tal impulso, que parece irrefreável, mas que contudo depara continuamente com graves embaraços, a convicção religiosa dá um incentivo profundo de alcance não indiferente. Com efeito, excluindo o recurso aos métodos da violência na composição dos conflitos e educando para a fraternidade e para o amor, as convicções religiosas contribuem para favorecer o acordo e a reconciliação e podem proporcionar novos recursos morais para a solução de questões, diante das quais a humanidade parece ser hoje fraca e impotente.

4. A responsabilidade do homem religioso

Aos deveres do Estado, em ordem ao exercício do direito à liberdade religiosa, correspondem responsabilidades precisas e graves da parte dos homens e mulheres, quer na profissão religiosa a nível individual, quer na organização e na vida das respectivas comunidades.

Em primeiro lugar, os responsáveis das Confissões religiosas estão obrigados a apresentar o seu ensino sem se deixarem condicionar por interesses pessoais, políticos e sociais e, além disso, de maneira conforme às exigências da convivência e respeitadora da liberdade de cada um.

A par disto, os adeptos das várias religiões deveriam - individual e comunitariamente - exprimir a sua convicção e organizar o culto e todas as outras actividades que lhes são próprias respeitando, porém, os direitos dos demais, que não pertencem a essa religião ou não professam um credo.

E é precisamente neste campo da paz, suprema aspiração da humanidade, que todas as comunidades religiosas e todos os que acreditam, considerados individualmente, podem aquilatar a autenticidade do próprio empenho de solidariedade com os irmãos. Hoje, talvez como nunca no passado, o mundo olha para as religiões com uma expectativa específica exactamente em ardem à paz.

Constitui, aliás, motivo para congratular-se o facto de se poder ver nos responsáveis das confissões religiosas, assim como nos simples fiéis, uma atenção cada vez mais intensa, um desejo cada vez mais vivo para actuar em favor de paz. Estas disposições merecem ser encorajadas e oportunamente coordenadas, para as tornar cada vez mais eficazes. Para se conseguir isto, é necessário ir até às raízes.

Foi o que aconteceu em Assis, no ano passado: correspondendo ao meu apelo fraterno, os responsáveis das principais religiões do mundo reuniram-se para afirmar conjuntamente - embora na fidelidade à convicção religiosa de cada um - o seu comum empenhamento na construção da paz.

Segundo o espírito de Assis, estamos, efectivamente, diante de um dom vinculante e compromissivo, de um dom que importa cultivar e fazer chegar à maturação: progredindo na aceitação recíproca, no respeito mútuo, na renúncia à intimidação ideológica e à violência, na promoção de instituições e de formas de concertamento e de cooperação entre os Povos e as Nações e, sobretudo, na educação para a paz, considerada a um nível bem mais elevado do que o da reforma das estruturas - se bem que esta seja necessária e preconizada - ou seja, da paz que pressupõe a conversão dos corações.

5. O empenhamento dos que seguem a Cristo

Reconhecemos, com alegria, que entre as Igrejas e Comunidades eclesiais cristãs, este processo, felizmente, já está a caminho. Quereria aqui formular votos por que ele possa receber novo impulso e se alargue ao ponto de comprometer de maneira crescente os homens religiosos do mundo no grande desafio da paz.

Como Pastor da Igreja universal, falharia no meu mandato se não erguesse a minha voz em favor do respeito do direito inalienável de o Evangelho ser proclamado « a toda a criatura » (Mc 16, 15 ); e, de igual modo, se não recordasse que Deus ordenou a socìedade civil para o serviço da pessoa humana, à qual compete a liberdade de buscar e de aderir à verdade. O empenho em prol da verdade, da liberdade, da justiça e da paz é algo que distingue os seguidores de Cristo Senhor. Nós trazemos no coração, efectivamente, a certeza revelada de que Deus Pai, por obra do seu Filho crucificado, que « é a nossa paz » (Ef 2, 14), fez de nós um Povo novo, que tem como condição a liberdade dos filhos e como estatuto o preceito do amor fraterno.

Nós, Povo da Nova Aliança, sabemos que a nossa liberdade tem a sua mais elevada expressão na adesão total ao chamamento divino para a salvação; e com o Apóstolo João confessamos: « Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós » (1 Jo 4, 16), amor manifestado no Filho Incarnado. Deste acto de fé livre e libertante promanam: uma visão nova do mundo; uma aproximação nova aos irmãos; e um modo novo de estar na sociedade, à semelhança de um fermento. É o « mandamento novo » (Jo 13, 34) que o Senhor nos deu; é a « sua paz » (Jo 14, 27) - não aquela paz sempre imperfeita do mundo - que Ele nos deixou.

Devemos viver plena e .responsavelmente a liberdade que nos advém de sermos filhos e que descobre ao nosso olhar perspectivas transcendentes. Devemos aplicar-nos com todas as energias a viver o mandamento novo, deixando-nos iluminar pela paz que nos é dada e irradiando-a à nossa volta. « É por isto - adverte-nos o Senhor - que todos reconhecerão que sois meus discípulos » (Jo 13, 35 ).

Sei bem que este empenhamento formidável supera as nossas pobres forças. Nós, cristãos, carregamos a nossa parte de responsabilidade em tantas divisões e incompreensões, e quanto nos falta ainda por construir, no nosso ânimo, no seio das famílias e no interior das comunidades, sob o signo da reconciliação e da caridade fraterna! E, para tanto, devemos reconhecê-lo, as condições do mundo não nos facilitam a tarefa. A tentação da violência está sempre de emboscada. O egoísmo, o materialismo e a soberba tornam o homem cada vez menos livre e a sociedade cada vez menos aberta às exigências da fraternidade. No entanto, não devemos perder a coragem: Jesus, o nosso Mestre e Senhor, está connosco todos os dias até ao fim do mundo (cf. Mt 28, 20).

O meu pensamento volta-se neste momento, de modo particularmente afectuoso: para os irmãos e irmãs que se encontram privados de liberdade na profissão da sua fé cristã; para quantos sofrem perseguições por causa do nome de Cristo; e para aqueles que, também por sua causa, têm de sofrer marginalizações e humilhações. Desejo que estes nossos irmãos e irmãs sintam a nossa presença espiritual, a nossa solidariedade e o conforto da nossa oração. Nós sabemos que o seu sacrifício, enquanto está unido ao sacrifício de Cristo, produz frutos de verdadeira paz.

Irmãos e irmãs na fé: o empenho em prol da paz constitui um testemunho que hoje nos torna críveis aos olhos do mundo e, sobretudo, aos olhos das gerações que estão a crescer. O grande desafio para o homem contemporâneo, aquilo que mais está em jogo como condição da sua liberdade autêntica acha-se na Bem-aventurança evangélica: Bem-aventurados os construtores de paz (cf. Mt 5, 9).

O mundo tem necessidade da paz. O mundo deseja ardentemente a paz. Rezemos para que todos, homens e mulheres, gozando a liberdade religiosa, possam viver esta paz."



Vaticano, 8 de Dezembro de 1987.

rO disse...

Boa tarde a todos,

muito do que penso já foi dito em comentarios anteriores por isso serei breve; Ser ateu ou cristão depende muito de como cada um experencia cada um deles. Não penso que se deva "assumir" ou algo assim, é algo que só a cada um de nós diz respeito, e que se deve ser vivido de forma a estar bem consigo próprio e não prejudicar o próximo. Pode-se retirar várias interpretaçoes deste texto, mas na minha opiniao, é um pouco radical em demasia.
Por fim, devo dizer que discordo um pouco da ideia de que "ser ateu é um rotulo terrivel..", ja o foi sim, mas actualmente não se verifica.

Teresa Rafaela Oliveira
1º ano Psicologia / RG

Scretly disse...

Cada ser humano é livre de escolher o caminho que acha mais correcto.
Ser ateu é um caminho como outro qualquer. Nenhum ser humano pode julgar ou discriminar o próximo pelas suas opções de vida.
O ateísmo é uma vertente como outra qualquer. O verdadeiro ateu assume-se ,independentemente da sua familia ser crente ou da sua sociedade ser ainda "mente fechada".
Somos livres, isso é algo em que cada um de nós tem de pensar, antes de julgar alguém.
Helena, 1ºano Psicologia, Regime diurno

Manuel Pereira disse...

Tenho a felicidade, hoje em dia, em manifestar livremente a minha opinião, sem necessidade de me desculpar e expôr o meu ponto de vista dentro dos limites do bom senso e respeito pelos outros.
Seja ateu, seja crente, seja o que for, o que verdadeiramente interessa é ser verdadeiro, ter um "espírito são" ou uma "mente sã", contribuir da melhor maneira possível para ajudar a construir uma sociedade mais justa e mais tolerante.
Relativamente à frase de Dawkins, este sugere que ser ateu assumido é sinal de orgulho, independência e sanidade mental em oposição aos que se sentem ateus mas não o demonstram porque estão aprisionados a uma religião e não desejam desiludir as famílias. Será que os ateus assumidos não têm dúvidas? Em que é que acreditam? Satisfazem-se com a teoria do Big Bang para o surgimento do universo?
Acreditam que a ciência lhes dará todas as respostas?
Outras dúvidas também afectam os crentes que, em momentos, vêm a sua fé abalada.
Acredito que todos nós somos um pouco crentes e um pouco ateus. O ser humano é um ser biológico social e brevemente cultural global.
Manuel Pereira
1º Ano - Psicologia

Psicologia Faculdade Filosofia Braga disse...

Viva!
Manuel, o homem é um ser cultural, social e biológico.E religioso não será? O que existe em comum em todas as culturas humanas, e de todos os tempos, não é a linguagem, os rituais e Deus/deuses( citando René Girard)?

Ana Margarida
1ºano de Psicologia
Regime pós-laboral

Unknown disse...

Confesso já ter sido mais participativa na vida religiosa...de momento cada vez que me surge algum convite aceito talvez um pouco na ideia de partilhar algum tempo com os amigos e sentir que estou a fazer alguma coisa de importante; contudo tenho sentido necessidade de conhecer os pressupostos de outras religiões! Nessa base considero o "ateísmo" como um "não compromisso" uma espécie de "sim mas também um não" fruto talvez da sociedade actual...quanto ao facto da má conotação da palavra "ateu" penso que actualmente nas gerações mais novas já não e verifica com tanta intensidade, no entanto, continua a existir talvez dum modo mais simplista...

Joana.V
1ºano Psicologia RG

Miguel Oliveira Panão disse...

Uma vez li que "o ateísmo vale o que vale o conceito de Deus que nega." Por vezes, ao percebermos que conceito de Deus negam alguns ateus que conhecemos, ficamos perplexos por serem conceitos de Deus que negamos também. Li recentemente um livro publicado pelo teólogo católico americano John Haught, intitulado "Deus e o novo ateísmo", onde faz uma crítica a Dawkins, Hitchens e Harris, e nalguns pontos refere também Dennet. A crítica é muito interessante e o livro está estruturado na forma de questões:
1) Quão novo é o novo ateísmo?
2) Quão ateísta é o novo ateísmo?
3) Será que a teologia interessa?
4) É Deus uma hipótese?
5) Porque razão as pessoas acreditam?
6) Podemos ser bons sem Deus?
7) É Deus pessoal?
8) Teologia Cristã e o Novo Ateísmo

Um dos primeiros pontos para análise é aquilo que os novos ateus entendem por : "acreditar sem provas". Eu não me identifico com esta definição e estou certo que muitos pensarão como eu, mas ela traduz a principal crítica a fazer ao novo ateísmo: é um ateísmo leviano (soft-core) e superficial.
Para os novos ateus, o conhecimento teológico encontra-se ao nível de um aluno que entre no primeiro ano de teologia, segundo Haught. Por outro lado, Haught alerta que «a ignorância da teologia simplifica os ataques dos novos ateus naqueles adversários igualmente pouco informados», o que me lembra um dos últimos editoriais do Pde. Edgar Clara da Voz da Verdade (2 Mar 2008): «...quanto menos pensarmos a realidade e quanto menos os cristãos se debruçarem sobre os estudos menor será a nossa produção de conhecimento e, por sua vez, menor a capacidade de entrarmos em diálogo», referindo-se ao diálogo entre ciência e teologia. Logo, a mensagem a tirar para os Cristãos seria: estudar. Mas não de uma forma qualquer, diria com Pasquale Foresi que «...um estudo que é vida, deveria formar homens e mulheres que sabem viver e que sabem enfrentar todos os problemas do pensar humano como problemas vividos pessoalmente, não como problemas "de estudo"» (Falando de Filosofia, Cidade Nova, p.27)

Eis alguns trechos que sublinhei na análise de Haught e que transcrevo:
«...cientismo, uma crença moderna que possui a marca tradicional de ser auto-contraditória. Porquê auto-contraditória? Porque o cientismo diz-nos para não assentar nada sobre a fé, no entanto, necessita da fé para aceitar o cientismo»

«A teologia não é a resposta a questões científicas, tal como os novos ateus gostariam que fosse - uma vez que tornaria fácil o seu trabalho de destruir a teologia. Em vez disso, a teologia responde à questão de querer saber se a confiança expontânea sob cada viagem pela investigação, incluíndo a científica, se justifica. A ciência não providencia essa justificação, uma vez que assume valer a pena procurar o conhecimento e a verdade.»

«A fé é o que dá razão ao futuro e significado à moral.»

Se quisesse ser mais exaustivo, traduziria o livro. Resta-me salientar que reflectindo sobre a análise de Haught sobre o novo ateísmo, que este deixou de me preocupar como preocupava. O importante é permanecer numa atitude de descoberta, de estudo e, sobretudo, traduzir esse estudo em vida.

Andreia Ribeiro disse...

aqui fica uma letra de uma musica que encontrei com o titulo "Ateu":
"Católicos e budistas,
Judeus e maomes,
São todos uns egoístas
Querem que sejas o que não és,

Religiões por todo o lado
Só nos querem enganar,
Eu prefiro ser ateu
Do que andar para ai a rezar.

Guerras religiosas
Neste mundo sem acabar
Não é preciso mais provas
As religiões só querem lucrar

Enquanto todos vamos para o fundo
Fazem palestras para nos iludir
Fazem missões por todo o mundo
As religiões só nos querem mentir

Guerras religiosas
Não é preciso mais provas...."

Miguel Oliveira Panão disse...

Cara Andreia,

não sei qual é a tua opinião sobre essa letra, ou se essa letra expressa a tua opinião, mas o certo é que a letra expressa tudo menos o que significa, efectivamente, ser ateu: negar um conceito de Deus. A crítica da letra refere-se a instituições, ou guerras religiosas, mas não a Deus. Depois, de que ilusões estamos a falar? Somos enganados em quê? A que mentiras se refere?

Por outro lado, não será uma guerra religiosa um disfarce cruel para um interesse político, ou individualista? Parece-me útil e importante reflectires sobre isso e partilhares a tua opinião.

Albino Luciano Tavares Silva disse...

Admitir que Deus nao existe e uma liberdade que nos e dado pela forca da liberdade de opiniao e de crenca. Com efeito, compreendo os ateus, mas nunca foram capazes de me explicar a razao das coisas e, sobretudo, a genise do universo e a perfeicao do seu funcionamento. Eu acredito em Deus, dia sim, dia sim, mas admito que, por vezes, face a determinados acontecimentos questiono a ominipotencia devina. Ateias ou nao, as pessoas, no fundo, acreditam em algo, sobretudo quando teem que segurar em alguma coisa para evitarem uma queda abrupta.

Luciano, Londres

Ps: desculpem a ausencia dos acentos. Aqui elas nao existem.

Andreia Ribeiro disse...

Concordo com o facto do ateísmo não ser motivo para pedir desculpas, pois cada um de nós é livre para poder fazer as suas próprias escolhas em ralação à religião. No entanto, acho este texto um pouco radicalista no que diz acerca da palavra "ateu", não penso que seja um rótulo terrível e muito menos assustador, uma vez que, ninguém tem o direito de julgar as preferências dos outros.
Na minha opinião,a religião cristã também é saudável, o facto de termos fé e de acreditarmos em Deus ajuda-nos por vezes a superar os obstáculos que surgem ao longo das nossas vidas.
Sandra Aires,Psicologia,1º ano.

Rui Carneiro disse...
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Rui Carneiro disse...

Boa tarde a todos,

João Paulo II em Notre Dame


As atrocidades perpetradas pelo clero devem-se mais ao poder económico e influência política de que dispõem do que à convicção. O medo e a ignorância condicionam a fé mas o estado de precisão e o monopólio da assistência nas mãos dos sacerdotes levam à subserviência e à oração.

Mas tal como o bispo da história a quem um barbeiro herege escanhoava os queixos, sentindo a navalha no pescoço, respondeu à pergunta dizendo que acreditava muito pouco em Deus, também as vítimas que dependem do poder das Igrejas reagem do mesmo modo reiterando, contudo, a inabalável fé que os protege.

No mundo islâmico a miséria e o desespero a que se junta o medo e a coação social fazem fanáticos os crentes e transformam em beatos os cidadãos.

Nos países democráticos, onde a secularização era vacina contra os desmandos do clero e o proselitismo cristão verifica-se um mimetismo que modifica gente de sãos princípios em beatos que debitam a bíblia, se empanturram com hóstias, persignam, genuflectem e rastejam por uma promessa de aluguer de uma assoalhada no Paraíso.

Governantes venais dão nomes da clerricanalha às praças e ruas cuja toponímia deviam defender dos embusteiros de Deus e fabricantes de milagres. O pudor até em França se perdeu já com autarcas que trocam o pudor republicano e a pedagogia da laicidade por um punhado de votos e o nome de um Papa pouco recomendável para um largo público.

Foi assim que o nome de João Paulo II infectou um largo, em frente à igreja de Notre Dame, em Paris, com a laicidade a ser ultrajada.
# um artigo de Carlos Esperança, publicado às 12:07 #


Rui Jorge Carneiro
Psicologia 1º ano/Pós-laboral

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Ser Ateu é não acreditar em Deus ou explicações Divinas para nós e para o mundo ou é acreditar em outras explicações que dão ou tentam responder de forma mais detalhada e na maioria dos casos ainda mais fácil de entender do que aquelas que nos são dadas pela religião e pela crença no Divino?
Ser Ateu não é ser crente mas crer em algo diferente?
Um Ateu apesar da sua “ consciência e mente livre” não procura respostas para tudo que lhe vai acontecendo?
Que respostas encontra um Ateu quando o visível e compreensível não conseguem explicar?
Foi-nos dado capacidade para pensar, interrogar, inventar e acreditar e é certo que todo o ser humano durante a sua vida encontra situações que não consegue explicar ou resolver e aí nessas mesmas situações existe algo que puxa inevitavelmente para algo acima de nós, seja para interrogar ou para pedir ajuda que muitas vezes é humanamente impossível.
Não existe mal nem vergonha em ser Ateu, assim como não existe mal em ser Crente porque ambos são humanos com diferentes formas de compreender o Universo e de o explicar.
Não somos todos humanos?
Não procuramos todos respostas para as nossas questões?
E não é verdade que quer Crentes quer Ateus não conseguem responder a grande parte das suas inquietações?
Ser Crente ou Ateu não será apenas uma forma de nos protegermos da realidade que não entendemos por mais que nos custe a aceitar?


Sónia Machado
Psicologia 1º ano
221907030
FACFIL

Raquel Cunha disse...

Concordo com a opinião de Dawkins acerca dos ateus, pois estes não têm que pedir desculpas sobre uma coisa que admitem ser, antes pelo contrário, devem de sentir-se orgulhosos.
Tanto um ateu como um cristão devem de andar de “cabeça levantada” e sem medo da reacção da família ou dos amigos. Cada pessoa acredita no que quer e não é por não cogitar em Deus que deve ser visto de forma diferente, se bem que hoje em dia quem acaba por ser visto de modo distinto são os cristãos. Cada vez mais os jovens não crêem na religião e nem se dão ao trabalho de pensar sobre o assunto, dizendo simplesmente que são ateus, pois é a forma mais simples e eficaz de fugir ao “problema religioso”.


1º ano/psicologia
n.º221907028

Rio D´Alma disse...

Crer ou não crer?
Vou partilhar uma história que, uma vez mais, pôs em causa a minha crença, não na religião mas no ser humano.
Este fim de semana, no centro da minha cidade, estava um aglomerado de pessoa. Ao aproximar-me reparei que se tratava de uma acção de solidariedade.
Como ja trabalhei numa IPSS, aproximei-me e informei-me sobre a acção.
Era sobre um rapaz de 20 anos, natural de uma freguesia de Barcelos que tinha um tumor maligno. Já se tinha submetido a vários tratamentos mas, segundo o que a familia informava, não havia como ajudá-lo em Portugal, mas sim em Africa dio Sul. Mas para isso era necessário reunir cerca de 50 mil contos.
Havia cartazes e panfletos com a foto do miudo por todo o lado. Havia tambem um relatório médico a especificar os tratamentos já efectuados e em anexo uma declaração da Junta de Freguesia a comprovar a situação do rapaz bem como a carencia monetária da parte da familia para o transportar a Africa do Sul.

Muitas pessoas deram o que podiam para ajudar... eu tambem dei. E desde logo me prontifiquei a ajudar recolhendo dinheiro. Deram-me uma cópia do relatorio médico, a declaração do Junta, e uma fotografia do rapaz.
Pensei em levar no dia seguinte para o meu emprego e pedir ajuda aos meus colegas, pensei em levar para a Universidade Católica e pedir...
A primeira pessoa a quem pedi dinheiro foi um amigo meu o qual me disse: "Não acredito nisso"
Eu, revoltada disse: "Es terrivel, não vês que é a unica hipotese para este ser humano?"
Ele respondeu: "Vou fazer um telefonema". E fez. Ligou para algum conhecido na entidade na qual o rapaz estava a ser sujeito a tratamento e da qual tinha vindo o relatorio médico.

Da parte da equipa de oncologia responderam que o rapaz estava em fase terminal e que tinha mesmo poucos sias de vida. Que não tinham conhecimento de recolha nenhuma. Que em parte nenhuma do planeta haveria nada que o pudesse ajudar. Ele estava a morrer...

Fixei os meus olhos no cartaz da fotografia do rapaz. Sem cabelo, inchado, sem brilho nos olhos... ele estava a morrer.
Mas o facto é que havia fraude.
Da parte da familia? Não sei.
Da parte de alguem em Africa do Sul que aproveitando-se daquela familia desesperada prometeu vida àquele jovem? Não sei.
De alguma parte havia.
Chegam muitas destas historias via e-mail a pedir ajuda, nunca contribui porque nunca se sabe!
Desta vez, sendo que foi o proprio tio e irmão do doente a pedir ajuda, ajudei...
É isto que me faz perder a fé nos Homens. É isto que me revolta profundamente. Um dia, o justo pagará pelo pecador porque já estamos tão imunes à desgraça alheia que nos será facil virar as costas.
Tento, todos os dias, manter a minha fé nos Homens. Mas há dias em que é muito dificil.

Hoje é um desses dias.

Isabel Rebelo disse...

"Talvez se descubra que aquilo a que chamamos Deus, e que tão patentemente está em outro plano que não a lógica e a realidade espacial e temporal, é um nosso modo de existência, uma sensação de nós em outra dimensão do ser. Isto não me parece impossível. Os sonhos também serão talvez ou ainda outra dimensão em que vivemos, ou um cruzamento de duas dimensões; como um corpo que vive na altura, na largura e no comprimento, os nossos sonhos, quem sabe, viverão no ideal, no eu e no espaço, No espaço pela sua representação visível; no ideal pela sua apresentação de outro género que a da matéria; no eu pela sua íntima dimensão de nossos. O próprio Eu, o de cada um de nós, é talvez uma dimensão divina. Tudo isto é complexo e a seu tempo, sem dúvida, será determinado".

Bernardo Soares in "Livro do Desassossego" (2003)

Talvez...

Unknown disse...

O facto de ser crente ou ateu não é motivo para pedir desculpas pois cada um de nós é livre de fazer as suas próprias escolhas, sem posteriormente ser julgado, criticado ou até mesmo posto de lado. Tal como o texto nos transmite " não deixamos de gostar de uma pessoa por ela não partilhar as mesmas crenças alimentares, poéticas, desportivas ou outras." O mesmo se verifica em relação às nossas crenças perante a religião.
No entanto, acho que, de um modo geral, as pessoas não procuram explorar este fenómeno, não tentam perceber o que ela nos quer transmitir. Apenas se limitam a dizer que são ou não crentes baseando-se em alguns factos.
A religião não deve ser encarada como algo mau, nem associada a juízos de valor mas sim vista como uma coisa boa que nos dá força e nos guia quer seja nos bons ou nos maus momentos.
Sandra Aires
1º ano de Psicologia RG

Mafalda Cajus disse...

N minha opiniao o ateismo nao é ser completamente descrente pois penso que isso é muito dificil ou mesmo impossivel. Todos nós precisamos de acreditar em algo nao mortal, faz parte de nós seres humanos e contribui em muito para o nosso bem estar tanto fisico como psicológico.
Arrisco mesmo a dizer que nao ha ninguém k seja completamente descrente.
Podemos nao acreditar em deus e nas histórias da biblia mas no fundo sabemos que acreditamos em algo que esta para alem daquilo que vimos.
Por tudo isto a unica coisa que nos resta fazer é respeitar as crenças ou descrenças de cada um e saber viver com elas... Todos temos direito a isso.