domingo, 9 de março de 2008

Respondo a seguir aos comentários ao texto ‘porquê Deus’ I


Jacqueline,
Deus é realmente único, e a ciência, além do conhecimento do universo pode também ajudar-nos a não tomar por Deus aquilo que ele não é.
Alfredo Dinis,sj

Joana,
Muitas vezes chamamos dogmas àquilo que a própria Igreja Católica não considera assim. Os dogmas centrais do cristianismo não se explicam totalmente, mas têm um fundamento suficiente para que a razão nos diga que não são irracionais nem absurdos. Por outro lado, os dogmas não nos proíbem de procurar esclarecer cada vez mais, como dizes, o nosso conhecimento, científico, religioso, filosófico, etc. Hoje torna-se cada vez mais difícil acreditar em Deus e ignorar o conhecimento científico, uma vez que ciência e religião assumem uma grande importância na vida das pessoas.
Alfredo Dinis,sj

Carina,
Realmente a ciência e a religião não se contradizem, mas a verdade é que há muitas pessoas que pensam assim: se se aceita a ciência não se pode aceitar a religião. Não é fácil chegarmos a um consenso. Hoje as pessoas falam pouco de religião talvez porque não têm tempo para se sentarem calmamente. Por isso, falam pouco do que é essencial. Mesmo com a ajuda do telemóvel? As teorias científicas têm ajudado a humanidade a progredir em muitos aspectos, mas não podem prometer senão verdades provisórias, o que não lhes retira valor.
Alfredo Dinis,sj

Helena,
Realmente a ciência não pode prejudicar a religião, pode, pelo contrário, ser-lhe benéfica. Mas há muitos crentes, mesmo com cultura académica, que nem sempre entendem isto. Há teólogos que nada sabem de ciência e não sentem que o conhecimento científico lhes seja necessário.
Alfredo Dinis,sj


Natália,
A religião pode ser benéfica para a ciência, como dizes, porque nos permite ter um conhecimento mais completo e complexo do ser humano. A visão puramente científica do ser humano é empobrecedora e pode abrir a porta a excessos e abusos, como na área da bioética. As críticas que algumas pessoas fazem à religião em nome da ciência são quase sempre apressadas e superficiais, embora nem todas as críticas o sejam.
Alfredo Dinis,sj

Isabel,
O poema de Ricardo Reis que transcreves mostra-nos outra faceta de Fernando Pessoa, um homem muito complexo. Obrigado também pelo poema de Gilberto Gil. Exprime bem o que é a existência humana. Porque é que NÒS permitimos a guerra, a fome e a miséria? Quanto a Dawkins, a sua argumentação baseia-se em pressupostos falsos. Ao contrário do que ele pensa, a religião não pretende explicar aquilo que pertence à ciência explicar. Também ao contrário do que ele pensa, a religião não só não exclui a crítica, mas precisa dela. Etc.
Alfredo Dinis,sj

Sara,
Há que distinguir o que é essencial na religião do que é acessório e secundário. Certos elementos que podem ser importantes para as pessoas (relíquias de santos, promessas, velas…) não são essenciais. Por outro lado, é essencial ao cristianismo a dimensão comunitária da fé, o que não elimina nem dispensa a dimensão pessoal. Mas também aqui, na vivência comunitária da fé, há que distinguir entre o essencial e o acessório. Finalmente, também creio que ciência e religião podem ajudar a humanidade.
Alfredo Dinis,sj

Rafaela,
A fé não é certamente um ponto de chegada no sentido de nos esclarecer todas as coisas. A procura constante que temos que fazer do verdadeiro Deus faz-se não só no íntimo de cada um mas também no diálogo e na partilha em comum desta nossa aventura.
Alfredo Dinis,sj

José,
Porquê Deus? Para muitas pessoas ele não é necessário porque não sentem a sua falta. Encaram a existência humana com naturalidade e sem dramas. Não acreditam em Deus mas também não parecem lamentar que ele não exista. Porque será? Parece que não têm sede dele. Ou têm e não têm consciência disso?
Alfredo Dinis,sj

Ana Margarida,
Realmente, a ciência ajuda a clarificar muitas das crenças religiosas. É a não aceitação deste facto que leva aos fundamentalismos. As pessoas têm a liberdade suficiente para reflectir sobre a fé religiosa e procurarem razões suficientes para essa fé.
Alfredo Dinis,sj

Maria do Céu,
As questões que levanta são muito pertinentes. Hoje muitas pessoas procuram substituir Deus por outras coisas, por exemplo a ciência. Mas o progresso não nos vem apenas da ciência. De tudo o que a ciência e a técnica nos pode oferecer, somente o que nos permite amadurecer em todos os aspectos da nossa humanidade pode ser aceite como progresso. E isso nem sempre acontece.
Alfredo Dinis,sj

Marina,
Quem acredita que Deus está na origem de tudo não nega as explicações científicas. Mas por vezes a ciência pretende explicar mais do que pode. Hoje alguns neurocientistas resumem o amor ao funcionamento de algumas áreas cerebrais, mas a experiência pessoal do amor, diferente de pessoa para pessoa, não se reduz aos neurónios!
Alfredo Dinis,sj

Ana Barbosa,
A leitura actualizada da Bíblia tem permitido avaliar a importância das tradições que se vão criando ao longo dos séculos e distinguir entre as que exprimem o essencial da fé e as que não o exprimem. Por isso se mantêm algumas dessas tradições enquanto que outras se deixam cair.
Alfredo Dins,sj

2 comentários:

Unknown disse...

eu concorto com o autro do texto, não só porque não acreditadamos em Deus vamos ter de abaixar a cabeça para chão, temos liberdade de acretidar ou nao. eu acredito em Deus, mas não o condeno quem não acredita. alice semedo

Unknown disse...

O facto de ser crente ou ateu não é motivo para pedir desculpas pois cada um de nós é livre de fazer as suas próprias escolhas, sem posteriormente ser julgado, criticado ou até mesmo posto de lado. Tal como o texto nos transmite " não deixamos de gostar de uma pessoa por ela não partilhar as mesmas crenças alimentares, poéticas, desportivas ou outras." O mesmo se verifica em relação às nossas crenças perante a religião.
No entanto, acho que, de um modo geral, as pessoas não procuram explorar este fenómeno, não tentam perceber o que ele nos quer transmitir. Apenas se limitam a dizer que são ou não crentes baseando-se em alguns factos.
A religião não deve ser encarada como algo mau, nem associada a juízos de valor mas sim vista como uma coisa boa que nos dá força e nos guia quer seja nos bons ou nos maus momentos.
Sandra Aires
1º ano de Psicologia